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segunda-feira, 14 de março de 2016

Julgamento histórico do STJ proíbe publicidade direcionada a crianças

Julgamento histórico do STJ proíbe publicidade direcionada a crianças

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Para ganhar um relógio exclusivo com a ilustração de um famoso personagem de animação, os participantes da campanha “Gulosos” teriam que comprar cinco pacotes de bolacha e pagar mais cinco reais. Na opinião do ministro Humberto Martins, relator do processo no Superior Tribunal de Justiça (STJ), a proposta configura venda casada que “aproveita da ingenuidade das crianças”. Assista ao documentário “Muito Além do Peso” do Instituto Alana.

O ministro Herman Benjamin, considerado autoridade em Direito do Consumidor, disse que o caso é paradigmático, e concordou: “Temos publicidade abusiva duas vezes: por ser dirigida à criança e de produtos alimentícios. Não se trata de paternalismo sufocante nem moralismo demais, é o contrário: significa reconhecer que a autoridade para decidir sobre a dieta dos filhos é dos pais. E nenhuma empresa comercial e nem mesmo outras que não tenham interesse comercial direto, têm o direito constitucional ou legal assegurado de tolher a autoridade e bom senso dos pais. Este acórdão recoloca a autoridade nos pais.”

“Se pensarmos em termos estritamente jurídicos, isso aqui é uma aberração. Porque a criança não tem consentimento jurídico capaz de completar o negócio jurídico, mas tem o poder de convencimento – do berro a outros atos mais sutis em supermercado, fora do supermercado, o bullying dos colegas -, essa pobre criança que os pais tentam a todo custo educar ao seu modo”, ressaltou o ministro.

“Não me impressiona o argumento de que milhares de anúncios similares são feitos. São mesmo. Por isso, a necessidade do Superior Tribunal de Justiça dizer para toda a indústria alimentícia: ponto final, acabou.”

A ação civil pública proposta pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP) foi baseada na denúncia feita pelo Projeto Criança e Consumo do Instituto Alana, que chegou a notificar a empresa, na época (em 2007). Em 2013, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP) condenou a Pandurata a pagar R$ 300 mil de indenização pelos danos causados à sociedade pela campanha publicitária. A empresa recorreu e o caso chegou ao STJ.

Segundo informações do STJ, no julgamento, a empresa alegou que a campanha publicitária era dirigida aos pais e negou se tratar de prática enganosa, abusiva e ilegal. Mas em decisão unânime os ministros integrantes da Segunda Turma, que avaliaram o caso, defenderam o contrário. Leia o texto da decisão aqui.

Para a ministra Assusete Magalhães, presidente da Segunda Turma, é “caso típico de publicidade abusiva e de venda casada, igualmente vedada pelo CDC, numa situação mais grave por ter como público alvo a criança”.

FONTE: Portal EBC
Adriana Franzin – Jornalista

Com informações do Superior Tribunal de Justiça e do projeto Criança e Consumo.

http://www.agrosoft.org.br/br/julgamento-historico-do-stj-proibe-publicidade-direcionada-a-criancas/politica

Pesquisa sugere elo entre chocolate e melhor desempenho do cérebro

Pesquisa sugere elo entre chocolate e melhor desempenho do cérebro

Análises de uma pesquisa americana realizada na Austrália sugerem que há uma ligação entre o consumo de qualquer tipo de chocolate e melhorias no funcionamento do cérebro. A pesquisadora especializada em nutrição Georgina Crichton, da Universidade do Sul da Austrália, analisou uma pesquisa que teve início na década de 1970 nos Estados Unidos e observou mais de mil pessoas durante 30 anos.

O objetivo da pesquisa, chamada Maine-Syracuse Longitudinal Study (MSLS) – pois envolvia a Universidade do Maine e o Instituto Luxemburgo de Saúde -, era observar a relação entre a pressão sanguínea das pessoas e o desempenho do cérebro.

Isto foi feito durante décadas até que os pesquisadores resolveram ampliar o estudo e observar outros fatores de risco cardiovascular, incluindo diabetes, obesidade e fumo. A pesquisa teve ao todo sete coletas de dados entre os participantes, feitas com cinco anos de intervalo.

O pesquisador que liderou o estudo, Merrill Elias, decidiu perguntar aos participantes o que eles comiam e incorporou um novo questionário já na sexta onda de coleta de dados, entre os anos de 2001 e 2006.
As respostas a esse questionário deram pistas sobre a dieta dos participantes que interessaram os pesquisadores.

“Descobrimos que as pessoas que comiam chocolate pelo menos uma vez por semana tendiam a ter um melhor desempenho cognitivo. É significativo, toca vários domínios cognitivos”, afirmou Elias.

A pesquisadora australiana entrou em contato com Merrill Elias, que liderou o MSLS, para fazer uma nova análise da pesquisa. “Examinamos se o consumo habitual de chocolate estava associado à função cognitiva (funcionamento do cérebro – memória, concentração, raciocínio, processamento da informação) em cerca de mil indivíduos no MSLS. Descobrimos que aqueles que comeram o chocolate pelo menos uma vez por semana tiveram um melhor desempenho em múltiplas tarefas cognitivas, se comparados àqueles que comiam chocolate menos de uma vez por semana”, disse Georgina Crichton.

O que foi analisado

Entre os aspectos analisados estavam memória verbal, memória visual e espacial, organização e raciocínio abstrato, além da habilidade de recordar uma lista de palavras ou onde um objeto foi colocado.

“Com exceção da memória funcional, essas relações não foram atenuadas com o controle estatístico para fatores cardiovasculares, de dieta e estilo de vida. Isto significa que independentemente de fatores como idade, sexo, nível de educação, colesterol, glicose, pressão sanguínea, energia total e consumo de álcool, a relação entre consumo de chocolate e cognição continuava sendo importante”, afirmou Crichton.

A pesquisadora afirma que existe uma crença histórica nos benefícios do chocolate, mas baseada apenas na experiência e observação. Agora a ciência está começando a identificar bases para estas crenças.

“O chocolate e os flavonoides do cacau eram associados à melhoria em uma série de problemas de saúde que vinham desde tempos antigos e os benefícios cardiovasculares já tinham sido estabelecidos, mas sabíamos muito menos a respeito dos efeitos do chocolate na neurocognição e comportamento”, disse Crichton.

Ao leite

Outra boa notícia é que se antes os pesquisadores davam mais ênfase ao chocolate amargo, desta vez não importa se o chocolate consumido é o mais escuro ou ao leite.

“A maioria das pesquisas se concentrou nos efeitos intensos do chocolate amargo ou das bebidas ricas em cacau. Isso acontecia porque o chocolate amargo tem mais flavonoides do que o chocolate ao leite. Os participantes recebiam chocolate ou cacau para consumir e seu desempenho cognitivo era testado horas depois”, disse Crichton.

“Nossa pesquisa é inovadora porque pediu para as próprias pessoas registrarem seu consumo normal/habitual. Em segundo lugar, essas pessoas teriam consumido todos os tipos de chocolate, e os dados nacionais sobre a dieta americana mostram que chocolate ao leite era o tipo mais frequente consumido no momento da pesquisa. Em resumo: descobrimos essa associação positiva sem isolar apenas o chocolate amargo.”

Apesar do entusiasmo da pesquisadora, Crichton e Merrill Elias ainda não sabem a causa exata da melhora no desempenho do cérebro. E Elias vai mais longe.

“Não é possível falar sobre causalidade, porque isso é quase impossível de se provar com nosso projeto. Mas podemos falar sobre direção. Nosso estudo definitivamente indica que a direção não é que a habilidade cognitiva afeta o consumo de chocolate, mas que o consumo de chocolate afeta a habilidade cognitiva”, afirmou o pesquisador americano.

FONTE: BBC Brasil

http://www.agrosoft.org.br/br/pesquisa-sugere-elo-entre-chocolate-e-melhor-desempenho-do-cerebro/tecnologia

Projeto e cartilha incentivam reaproveitamento integral dos alimentos

Projeto e cartilha incentivam reaproveitamento integral dos alimentos

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que o desperdício no consumo doméstico de alimentos é aproximadamente de 20% no Brasil. É comum que talos, folhas e cascas, muitas vezes mais nutritivos do que os alimentos usualmente consumidos, sejam desperdiçados. Para mudar esta cultura, o projeto Despertando para o consumo consciente: aproveitamento integral e reaproveitamento seguro dos alimentos, coordenado pela professora Angelina do Carmo Lessa, da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), buscou ensinar à população de Diamantina, estratégias para aproveitar todos os recursos dos alimentos.

O projeto se fundamentou principalmente em atividades práticas, através das quais a população foi convidada a participar de oficinas que abordaram os valores nutritivos dos alimentos, possibilidades de uso e reuso seguro, conscientização do desperdício alimentar, preparação de receitas utilizando o potencial do alimento, além de informações para armazenar sem perdas.

Os participantes prepararam e experimentaram receitas com alimentos que faziam parte de seus hábitos alimentares, possibilitando diminuir preconceitos sobre o uso de alimentos geralmente descartados. “Penso que permitir que os participantes tivessem a experiência é realmente a melhor forma para que aquilo que se ensina faça sentido”, acrescenta a pesquisadora.

Como resultado desse trabalho, a equipe de pesquisadores produziu a cartilha Uso integral e reaproveitamento seguro dos alimentos. Neste arquivo, há informações e receitas, como a de bolo de casca de banana, pudim de pão, bolinhos de casca de batata, farofa de folhas, talos e legumes, hambúrguer de abobrinhas, entre outras.

Ainda assim, Angelina comenta o desafio de promover essas mudanças. “Mudar a forma como as pessoas se alimentam, utilizam e preparam seus alimentos não é tarefa fácil. O que levou anos e anos para se construir não poderá ser modificado com uma intervenção pontual. Portanto ações que conseguem se manter por mais tempo e que propiciem experiências positivas são fundamentais”, conclui.

FONTE: Fapemig

http://www.agrosoft.org.br/br/projeto-e-cartilha-incentivam-reaproveitamento-integral-dos-alimentos/tecnologia

Ondas gravitacionais

Ondas gravitacionais

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Pela primeira vez, cientistas detectaram as chamadas Ondas Gravitacionais – um fenômeno previsto por Albert Einstein há cem anos. Os pesquisadores do projeto LIGO – Observatório de Interferometria de Ondas Gravitacionais, em Washington e na Louisiana, nos Estados Unidos, observaram o fenômeno e acompanharam distorções no espaço com a interação de dois buracos negros a 1,3 bilhão de anos-luz da Terra. Mas o que exatamente essa descoberta significa? O pesquisador do Instituto de Física Teórica da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e do Centro Internacional de Física Teórica – Instituto Sul Americano, Riccardo Sturani, foi um dos líderes da equipe brasileira responsável por analisar os dados gerados pela detecção dessas Ondas Gravitacionais e conversa conosco aqui na estreia do programa Ciência de Hoje.

FONTE: Univesp TV

http://www.agrosoft.org.br/br/ondas-gravitacionais/tecnologia

Papa Francisco completa três anos de pontificado

Papa Francisco completa três anos de pontificado

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Ele disse ter sido escolhido lá do fim do mundo e não esqueceu de trazer na mala a sua experiência com a Misericórdia de Deus. Estamos falando do Papa Francisco, que ontem, 13 de março de 2016, completou três anos de pontificado. Com ele celebramos a riqueza da revelação do rosto Misericordioso do Deus.

FONTE: TV Canção Nova

http://www.agrosoft.org.br/br/papa-francisco-completa-tres-anos-de-pontificado/politica

Queijo artesanal impulsiona a economia e promove a inclusão social

Queijo artesanal impulsiona a economia e promove a inclusão social

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O Queijo Artesanal Serrano é um produto exclusivo dos Campos de Cima da Serra, do Rio Grande do Sul e do Planalto Sul Catarinense. Um alimento de grande importância econômica, social e cultural para as regiões. A tradição das famílias de fazer o queijo serrano continua atravessando gerações e para garantir a qualificação do produto, os produtores contam com o apoio da extensão rural e várias instituições.

FONTE: Emater/RS-Ascar

http://www.agrosoft.org.br/br/queijo-artesanal-impulsiona-a-economia-e-promove-a-inclusao-social/economia

Chamada Pública da Sustentabilidade transforma a vida de famílias

Chamada Pública da Sustentabilidade transforma a vida de famílias

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Na região de Santa Rosa no Rio Grande do Sul a Chamada Pública da Sustentabilidade transformou para melhor a vida duas mil e oitocentas famílias, de dezesseis municípios diferentes. Com recursos oriundos do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e a ação da extensão rural hoje podemos contar histórias como esta, que vamos assistir agora.

FONTE: Emater/RS-Ascar

http://www.agrosoft.org.br/br/chamada-publica-da-sustentabilidade-transforma-a-vida-de-familias/politica

Manejo sustentável: entenda a exploração racional da floresta

Manejo sustentável: entenda a exploração racional da floresta

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Durante muito tempo, o aproveitamento das florestas brasileiras foi feito de forma extrativista e predatória. Nos últimos 30 anos, porém, surgiram as primeiras experiências de manejo sustentável. O manejo sustentável é uma forma de administrar a floresta que concilia o uso para fins econômicos e sociais com a conservação dos recursos naturais. Confira na reportagem.

FONTE: TV Escola

http://www.agrosoft.org.br/br/manejo-sustentavel-entenda-a-exploracao-racional-da-floresta/meio-ambiente

CNPq e Mapa lançam Chamada relacionada a Agroecologia e Sistemas Orgânicos de Produção

CNPq e Mapa lançam Chamada relacionada a Agroecologia e Sistemas Orgânicos de Produção

O Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq) em parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) lançaram a Chamada MAPA/CNPq Nº 02/2016, que tem por objetivo conceder aporte financeiro a projetos que integrem atividades de extensão, pesquisa e educação relacionados a agroecologia e aos sistemas orgânicos de produção.

A intenção é implementar ou dar continuidade a Núcleos de Estudo em Agroecologia e Produção Orgânica em instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica. O prazo para envio das propostas é até 12 de maio de 2016.

O público alvo são estudantes do ensino básico, técnico e tecnológico; agricultores familiares; produtores em transição agroecológica ou envolvidos com a produção orgânica ou de base agroecológica; professores de instituições de ensino da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica e agentes de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER).

O Edital é uma continuidade da política pública de fomento a criação de Núcleos de Estudo em Agroecologia e Produção Orgânica em instituições de ensino, estratégia concebida em 2008 pela Comissão Interministerial de Educação em Agroecologia e Sistemas Orgânicos de Produção e representantes da sociedade civil.

As propostas aprovadas serão financiadas com recursos no valor de R$ 4.074.956,00, sendo R$ 2.674.956,00 destinados ao pagamento de bolsas e R$ 1.400.000,00 destinados ao pagamento da rubrica de Custeio. Estes recursos serão liberados em duas parcelas, de acordo com a disponibilidade orçamentária e financeira da SPRC/MAPA. Os projetos terão valor máximo de financiamento de R$ 100 mil reais, para Custeio e Bolsas.

A última chamada envolvendo o MAPA e o CNPq ocorreu em 2014 e era voltada para pesquisa em sementes, adubos verdes e boas práticas de extrativismo. Com investimento de R$ 6,8 milhões, o edital selecionou 23 projetos, que resultaram no apoio a 119 núcleos.

O MAPA estima que os estudos beneficiaram mais de 123 mil pessoas entre técnicos, agricultores e estudantes e viabilizaram mais de 1.700 produções acadêmicas.

FONTE: Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico

http://www.agrosoft.org.br/br/cnpq-e-mapa-lancam-chamada-relacionada-a-agroecologia-e-sistemas-organicos-de-producao/cursos

Umbu e outras frutas nativas são boas opções para agricultura familiar

Umbu e outras frutas nativas são boas opções para agricultura familiar

Das 18 espécies do gênero Spondias, como umbu-cajá, cajarana, ceriguela e umbuguela, várias são pouco estudadas e sua produção é totalmente extrativista, ou seja, são coletadas diretamente da natureza e não cultivadas em pomares comerciais. Por conta disso, parte de um trabalho de pesquisa na Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas/BA) distribui mudas e ajuda a manter bancos de germoplasma dessas frutas.

A mais famosa é o umbu, fruto do umbuzeiro, planta tão importante para o sertanejo que foi citada pelo escritor Euclides da Cunha no livro Os Sertões, de 1902: “É a árvore sagrada do sertão. Sócia fiel das rápidas horas felizes e longos dias amargos dos vaqueiros. Representa o mais frisante exemplo de adaptação da flora sertaneja”. Mais que isso, o umbu só existe nessa região.

Todas as plantas do gênero Spondias têm crescimento lento, mas são tolerantes à seca e têm boa produtividade em locais sem irrigação. Principalmente por essa característica, têm bastante importância para o Semiárido. “Muitas vezes, o umbu produz independentemente da chuva. Mesmo com pequena chuva ou trovoada, ela produz, garantindo uma renda para o pequeno produtor e, até mesmo, sua sobrevivência”, afirma Nelson Fonseca, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura.

Multiplicação por enxertia

A resistência à seca tem explicação. “O umbuzeiro tem raízes túberas ou xilopódios [que armazenam água e nutrientes]. Hoje há plantas muito velhas no Semiárido que estão morrendo. Além disso, existem os produtores que derrubam a vegetação, destruindo as plantas do umbuzeiro para a formação de pastos, a ocorrência de incêndios no período seco que matam a vegetação e as pequenas plantas que nascem das sementes que são comidas pelos próprios animais que vivem no semiárido. Tudo isso impede que os umbuzeiros se renovem”, explica Nelson.

Há uma carência para a formação de mudas selecionadas do gênero Spondias, pois existe pouco material propagativo selecionado. As plantas de umbuzeiro, por exemplo, são mais encontradas na zona rural, onde são atacadas pelos animais, que comem ramos, folhas e frutos. Já as de umbu-cajazeira estão em zonas urbanas, desaparecendo pela ação predatória do homem, que as destroem para ganhar mais espaço no quintal.

Apesar de ser possível a propagação das Spondias por sementes, o método ideal é por enxertia. A principal vantagem da muda enxertada está relacionada à garantia de manutenção das características da planta propagada, o que não é possível na muda produzida por meio de semente. Outra vantagem está na formação de pomares comerciais mais uniformes no tamanho de plantas e na produção de frutos, além da antecipação do início de produção.

De acordo com Nelson Fonseca, os materiais selecionados de umbu e umbu-cajazeira, por exemplo, recebem o nome da pessoa, propriedade, comunidade ou município onde foi feita a coleta. Se um material foi selecionado em América Dourada, ele é chamado de América Dourada. “Nesse caso, não são variedades, pois ainda não foram lançados como variedades. São tipos diferentes originados de uma hibridação ou cruzamento natural e se destacaram quanto ao tamanho de frutos, bom paladar e boa percentagem de polpa, entre outras características,” explica.

Esse material é coletado para fazer enxertia. Fonseca conta que há previsão de lançar cinco ou seis variedades de umbuzeiro e até 14 materiais de umbucajazeiras. “Nós temos propagado esse material, como se fosse uma validação”, diz. Ainda não há data para lançamento porque depende de autorização do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGEN), órgão do Ministério do Meio Ambiente (MMA), já que diz respeito à biodiversidade brasileira.

Preservação

Com o objetivo de colaborar com a preservação da espécie, a Embrapa Mandioca e Fruticultura, a Embrapa Semiárido (Petrolina/PE) e a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) cederam, em 2006, para o campus do Instituto Federal de Educação Baino de Guanambi (IF Baiano), mudas de umbuzeiros e umbucajazeiras. “A Embrapa colocou em nosso instituto uma coleção de 26 clones, totalizando 140 plantas. Dessas, 80 plantas têm nove anos. Nós já estamos produzindo há quatro. As outras 60 fizeram cinco anos em novembro e vão iniciar a produção, ainda pequena, esse ano. A grande importância desse banco é a conservação desse material, já que ele tem uma variabilidade grande. É uma coleção que tem materiais da Bahia, de Minas Gerais e de Pernambuco, também considerados os melhores clones em tamanho. Isso é de fato um trabalho muito importante para a preservação da espécie na Caatinga”, explica o engenheiro-agrônomo Sergio Donato, professor do IF Baiano.

Segundo ele, o peso médio de um fruto de umbuzeiro é em torno de 18 gramas, mas os clones de umbu da coleção superam em muito esse valor. “O peso médio do clone MG-01, originado de Lontra (MG), é 98 gramas, mas existem outros também quase do mesmo tamanho. Quando se fala por aí de umbu gigante, todo mundo normalmente se refere a esse clone, ele é o mais difundido. O peso médio desse clone é 98, mas ele chega a 160 gramas”, complementa o professor.

Para Donato, o umbuzeiro é uma cultura de fácil manejo, por ser adaptada às condições ecológicas. “Se você pensar que no Semiárido outras plantas demandam água, trabalhar com o umbu é mais tranquilo. É lógico que não pode ser no bodismo, você colocar a planta e achar que ela vai sobreviver. Uma vez passada a fase inicial, a manutenção é mais fácil”, afirma. O professor destaca ainda o clone CP-47, com características exóticas, com apelo também ornamental, originado de São Gabriel, BA, cujos frutos pequenos e doces são dispostos em cachos, parecidos aos de uva, com até 25 frutos.

Mercado em expansão

O negócio agrícola do umbu envolve a colheita, o beneficiamento e a comercialização do fruto, tendo grande potencial de exploração agroindustrial. Os frutos são muito apreciados para o consumo como fruta fresca ou processada sob forma de polpas, sucos, doces, néctares, picolés e sorvetes. Recentemente, têm sido introduzidos na chamada gastronomia brasileira, que reúne sabores típicos regionais.

O processamento é muito importante na época da colheita, caso contrário, grande parte dos frutos poderá ser perdida. “Muito desse material é armazenado em polpas para ser consumido durante o ano todo. Para o agricultor, isso é agregação de valor, é um aumento de renda para ele. Na época de janeiro a março, em que se concentra o pico da safra, é importante ter esse processamento”, explica Nelson Fonseca.

Existe um amplo mercado interno e externo a ser explorado, que, atualmente, ainda é muito restrito às regiões Norte e Nordeste. Seus frutos são bastante usados pelos produtores de forma artesanal – em especial para a produção de geleias — mas na Bahia já ganhou cunho empresarial com a Cooperativa de Produção e Comercialização dos Produtos da Agricultura Familiar do Sudoeste da Bahia (Cooproaf), que tem 63 cooperados, e com a Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc), formada por 204 cooperados, em sua maioria mulheres, e que já comercializa seus produtos nos mercados mais sofisticados do Brasil e exporta para Itália, França e Áustria.

De acordo com o pesquisador, o plantio de áreas comerciais deve ser incentivado para que se consiga suprir a demanda. Por isso, a Embrapa pretende, em breve, disponibilizar um sistema de produção. Hoje, a Unidade de pesquisa repassa mudas enxertadas aos produtores que doaram as primeiras sementes para a formação da coleção de Spondias.

Produção rentável

Mais recentemente, as fruteiras do gênero Spondias começaram a ser usadas em sistemas agroflorestais (SAFs), inclusive na Mata Atlântica, como alternativa para agricultores familiares do litoral sul da Bahia, onde se cultiva prioritariamente cacau. Práticas específicas de manejo cultural e novas combinações e arranjos de SAFs estão sendo testadas pela Embrapa Mandioca e Fruticultura, sob a liderança do pesquisador Marcelo Romano.

Dilermando Morais Fonseca, técnico da Secretaria de Agricultura da Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista (BA), é um fã particular do umbuzeiro. “A nossa luta é transformar o umbuzeiro em planta cultivada, é pela domesticação da espécie, porque hoje ela ainda é fruto do extrativismo. São milhões e milhões de reais que rodam a cada safra no Nordeste, na beira da estrada, na feira, na indústria de polpa. É algo que chamo de economia invisível, porque se a gente procurar algum dado econômico não existe absolutamente nada”, assegura.

Em parceria com a Embrapa, foi criado nessa secretaria municipal um banco de germoplasma, hoje com 750 plantas. Destas, cerca de 30 foram classificadas como gigantes. “Além das plantas cedidas pela Embrapa, mais uns sete ou oito a gente garimpou por aqui”, diz.

A paixão de Dilermando Fonseca é tão grande que, em paralelo ao trabalho na secretaria, ele também ingressou na produção. “Já que eu incentivo tanta gente a cultivar, por que não eu também? Eu vou produzir o fruto, o umbu. Agora, é claro que sempre há a possibilidade de formação de mudas porque a gente tem que fazer a poda anual”, salienta.

No distrito de Pedra Preta, em Anagé (BA), o agricultor José Ferreira Novaes cultiva o umbu nativo, cujas árvores têm cerca de 50 anos, e o gigante, cujas mudas vieram da Embrapa Semiárido há 12 anos. Os frutos do umbu nativo são consumidos pelo gado da propriedade e os gigantes são vendidos. Novaes, mais conhecido como Dodô, destaca a produtividade. “Pra mim é muito boa. Os umbus “de raça”, que chamam de gigantes, carregam bastante, produzem muito. O nativo produz entre oito e nove anos e o gigante com seis anos já começou a produzir. Em 2013, colhi 80 caixas do umbu de raça. Em 2014, foram 90 e poucas caixas. Meus 33 pés renderam R$ 3 mil na safra passada. Para 2015, eu quero ganhar R$ 4 mil”, planeja.

Pequenos produtores como Dodô e Dilermando são fundamentais para que a expectativa do pesquisador Nelson Fonseca se concretize: “Quando outras regiões do País e até do mundo conhecerem mais o fruto do umbuzeiro, vai ser uma redenção para o Nordeste”, espera.

FONTE: Embrapa Mandioca e Fruticultura
Léa Cunha – Jornalista
Telefone: (75) 3312-8076

http://www.agrosoft.org.br/br/umbu-e-outras-frutas-nativas-sao-boas-opcoes-para-agricultura-familiar/tecnologia

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