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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Produtores de arroz ganham cultivar que usa 15% menos água na lavoura

Produtores de arroz ganham cultivar que usa 15% menos água na lavoura

Pesquisadores da Embrapa acabam de desenvolver uma cultivar de arroz irrigado que demanda 15% menos irrigação em comparação às cultivares de ciclos mais longos. Chamado de BRS Pampa CL, o novo arroz é destinado à Região Sul do Brasil e precisa de apenas uma aplicação de fungicida, caso necessário, pois apresenta resistência genética a fungos.

As cultivares convencionais, predominantes na lavoura gaúcha, são suscetíveis às principais doenças e demandam, em média, três ou mais aplicações de fungicidas. Somente esse diferencial impacta em uma economia de R$130,00 por hectare ao agricultor.
[pmore]
Mais eficiente, a BRS Pampa CL é capaz de apresentar alta produtividade em solos mais pobres.

Por reduzir o emprego de químicos e o uso de água, o novo cereal é ambientalmente mais sustentável. Classificado como arroz de grão nobre, ou premium, o produto apresenta, se bem manejado, altas taxas de grãos inteiros após o beneficiamento, cerca de 64%, característica relacionada ao valor do produto no mercado.

A BRS Pampa CL é resultado do projeto Melhoramento Genético para Produtividade e Qualidade dos Grãos da Cultura do Arroz no Brasil, Ciclo II, feito em parceria pela Embrapa Clima Temperado (RS) e Embrapa Arroz e Feijão (GO). Ela é oriunda da BRS Pampa, do grupo das cultivares precoces, colhida em média de 118 dias, e com produtividade média de dez toneladas por hectares.

É uma planta considerada moderna, com alta capacidade de perfilhamento e possui características exigidas pelo mercado, como ter grãos tipo agulhinha, longo-fino, e seu maior destaque está na possibilidade de fazer parte do sistema clearfield, que quer dizer campo limpo. Ou seja, a cultivar está apta a desenvolver-se em áreas com a presença de arroz vermelho, uma planta invasora que ameaça a lavoura por infestar os cultivos de forma agressiva.

“Após a mutação induzida de variedades de arroz feita por melhoristas, identificou-se um gene resistente a herbicidas, que foi incorporado à cultivar desenvolvida pela Embrapa”, conta o pesquisador da Empresa Ariano Martins de Magalhães Júnior, responsável pelo lançamento da cultivar. O cientista afirma que a técnica foi um sucesso e o novo arroz apresentou resistência aos herbicidas empregados para controle do arroz vermelho. “Hoje, cerca de 80% dos orizicultores do RS utilizam o sistema clearfield“, informa o pesquisador, pontuando que a genética da BRS Pampa CL é quase a mesma de sua cultivar de origem. “Ela possui 99,7% do genoma da BRS Pampa”, pontua Magalhães Júnior.

Menos herbicidas

A nova cultivar é um resultado do retrocruzamento entre a cultivar comercial BRS Pampa e a variedade Puitá Inta CL, da empresa Basf, que é fonte de tolerância aos herbicidas do grupo das imidazolinonas.

“O uso dessa cultivar vai proporcionar um melhor controle de invasoras, pois quando elas aparecem, ainda associadas a doenças, são certamente as principais barreiras limitantes da produtividade”, fala o engenheiro agronômo Rafael Vergara, técnico responsável pelas lavouras da Sementes Simão, de Dom Pedrito, município da região da Campanha do RS, parceira da Embrapa na produção de sementes da cultivar BRS Pampa CL.

Para ele, a cultivar que está inserida no sistema CL, além de facilitar a diminuição de aplicações de herbicidas, tem a principal vantagem de obter maior eficiência na aplicação. “O orizicultor tem um material genético que suporta aquela determinada molécula dos herbicidas”, explica o agronômo.

Atualmente, o material está em fase final de testes em propriedades rurais gaúchas e as suas sementes estão garantidas para os orizicultores na próxima safra, de 2019/2020. A cultivar será conhecida a campo durante a realização da 29ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz no Rio Grande do Sul, marcada para 20 a 22 de fevereiro, nos campos experimentais da unidade de pesquisas da Embrapa Clima Temperado, em Pelotas (RS).

Números da BRS Pampa

Resultados da BRS Pampa, que deu origem à BRS Pampa CL

Economia em água – Como a BRS Pampa apresenta ciclo menor, há menos uso de água. Conforme o engenheiro agronômo Felipe Matzenbacher, das Sementes Condessa, do município de Mostardas (RS), ao introduzir a variedade BRS Pampa nas áreas menos férteis da propriedade, houve uma redução de 15% no período de irrigação. “A variedade BRS Pampa, em relação à variedade de ciclo médio, Irga 424 RI, semeada em grande proporção no estado, teve essa taxa de economia. Quanto menor o ciclo de desenvolvimento da planta, menos água ela precisa. Então, como ela antecipa 15 dias antes o arroz, ela também usa 15% menos de irrigação na lavoura”, diz Matzenbacher. Ou seja, na região subtropical, estima-se que seja usado na lavoura de arroz irrigado um volume de água em torno de 12 mil m³/ha a 15 mil m³/ha. Se houver essa redução, será possível diminuir dois mil metros cúbicos de água por hectare.

Menos defensivos – Matzenbacher confirma que uma única aplicação de fungicida na lavoura de arroz é o suficiente para um bom controle de doenças fúngicas ao se utilizar a cultivar. “Apenas com uma aplicação e a realização de um vôo sob a lavoura é possível economizar cerca de 130 reais por hectare”, informa o agronômo. Isso gera economia de 13 mil reais em cem hectares, o que equivaleria, por exemplo, à possibilidade de compra de cinco máquinas beneficiadoras de arroz. O pesquisador Magalhães Júnior reforça: “A BRS Pampa CL tem resistência genética às principais enfermidades do arroz, como a brusone. Existem cultivares que necessitam de três ou quatro aplicações durante a safra”.

Mais grãos inteiros – Segundo Matzenbacher, a BRS Pampa tem apresentado bons resultados nos últimos anos em suas lavouras de arroz na região da planície costeira externa do Rio Grande do Sul, alcançando cerca de 64% de grãos inteiros. Mas a quebra varia conforme a região, o manejo, o clima durante o enchimento dos grãos. “Quanto menor a quebra, mais bem remunerado é o produtor rural e mais rendimento de engenho trará dentro da indústria. Assim, quanto maior o rendimento de engenho, mais valor agregado é gerado em toda a cadeia orizícola”, explica. Conforme explica o agrônomo, isso se deve a fatores genéticos da cultivar, que possui uma qualidade diferenciada com baixo centro branco. Mesmo em outras regiões do estado, onde as condições não são tão favoráveis, a BRS Pampa CL tem demosntrado genética superior quando comparada a cultivares que estão no mercado. Por isso, os cientistas acreditam que o novo cereal deverá ter excelente valorização, sendo classificado como arroz premium. A BRS Pampa CL tem amilose alta e baixa temperatura de gelatinização, o que significa que em qualidade culinária os grãos serão macios e soltos no cozimento.

Redução da adubação nitrogenada

A experiência da propriedade no município de Mostardas mostrou também que a cultivar utiliza menos adubação nitrogenada. A cultivar é mais eficiente na absorção de nutrientes, podendo-se reduzir entre 15% a 30% o uso de nitrogênio, dando maior sustentabilidade econômica e ambiental ao cultivo. A redução de nitrogênio também diminui a possibilidade de acamamento da lavoura. “O aumento de nitrogênio em cobertura favorece ao acamamento. Por isso, se utiliza menos adubação. Não podemos usar todo o nitrogênio que gostaríamos. É uma desvantagem no manejo, mas acaba trazendo benefícios, como economia no seu uso”, destaca Felipe Matzenbacher.

Pesquisadores da Embrapa acabam de desenvolver uma cultivar de arroz irrigado que demanda 15% menos irrigação em comparação às cultivares de ciclos mais longos. Chamado de BRS Pampa CL, o novo arroz é destinado à Região Sul do Brasil e precisa de apenas uma aplicação de fungicida, caso necessário, pois apresenta resistência genética a fungos.

As cultivares convencionais, predominantes na lavoura gaúcha, são suscetíveis às principais doenças e demandam, em média, três ou mais aplicações de fungicidas. Somente esse diferencial impacta em uma economia de R$130,00 por hectare ao agricultor. Mais eficiente, a BRS Pampa CL é capaz de apresentar alta produtividade em solos mais pobres.

Por reduzir o emprego de químicos e o uso de água, o novo cereal é ambientalmente mais sustentável. Classificado como arroz de grão nobre, ou premium, o produto apresenta, se bem manejado, altas taxas de grãos inteiros após o beneficiamento, cerca de 64%, característica relacionada ao valor do produto no mercado.

A BRS Pampa CL é resultado do projeto Melhoramento Genético para Produtividade e Qualidade dos Grãos da Cultura do Arroz no Brasil, Ciclo II, feito em parceria pela Embrapa Clima Temperado (RS) e Embrapa Arroz e Feijão (GO). Ela é oriunda da BRS Pampa, do grupo das cultivares precoces, colhida em média de 118 dias, e com produtividade média de dez toneladas por hectares.

É uma planta considerada moderna, com alta capacidade de perfilhamento e possui características exigidas pelo mercado, como ter grãos tipo agulhinha, longo-fino, e seu maior destaque está na possibilidade de fazer parte do sistema clearfield, que quer dizer campo limpo. Ou seja, a cultivar está apta a desenvolver-se em áreas com a presença de arroz vermelho, uma planta invasora que ameaça a lavoura por infestar os cultivos de forma agressiva.

“Após a mutação induzida de variedades de arroz feita por melhoristas, identificou-se um gene resistente a herbicidas, que foi incorporado à cultivar desenvolvida pela Embrapa”, conta o pesquisador da Empresa Ariano Martins de Magalhães Júnior, responsável pelo lançamento da cultivar. O cientista afirma que a técnica foi um sucesso e o novo arroz apresentou resistência aos herbicidas empregados para controle do arroz vermelho. “Hoje, cerca de 80% dos orizicultores do RS utilizam o sistema clearfield“, informa o pesquisador, pontuando que a genética da BRS Pampa CL é quase a mesma de sua cultivar de origem. “Ela possui 99,7% do genoma da BRS Pampa”, pontua Magalhães Júnior.

Menos herbicidas

A nova cultivar é um resultado do retrocruzamento entre a cultivar comercial BRS Pampa e a variedade Puitá Inta CL, da empresa Basf, que é fonte de tolerância aos herbicidas do grupo das imidazolinonas.

“O uso dessa cultivar vai proporcionar um melhor controle de invasoras, pois quando elas aparecem, ainda associadas a doenças, são certamente as principais barreiras limitantes da produtividade”, fala o engenheiro agronômo Rafael Vergara, técnico responsável pelas lavouras da Sementes Simão, de Dom Pedrito, município da região da Campanha do RS, parceira da Embrapa na produção de sementes da cultivar BRS Pampa CL.

Para ele, a cultivar que está inserida no sistema CL, além de facilitar a diminuição de aplicações de herbicidas, tem a principal vantagem de obter maior eficiência na aplicação. “O orizicultor tem um material genético que suporta aquela determinada molécula dos herbicidas”, explica o agronômo.

Atualmente, o material está em fase final de testes em propriedades rurais gaúchas e as suas sementes estão garantidas para os orizicultores na próxima safra, de 2019/2020. A cultivar será conhecida a campo durante a realização da 29ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz no Rio Grande do Sul, marcada para 20 a 22 de fevereiro, nos campos experimentais da unidade de pesquisas da Embrapa Clima Temperado, em Pelotas (RS).

Números da BRS Pampa

Resultados da BRS Pampa, que deu origem à BRS Pampa CL

Economia em água – Como a BRS Pampa apresenta ciclo menor, há menos uso de água. Conforme o engenheiro agronômo Felipe Matzenbacher, das Sementes Condessa, do município de Mostardas (RS), ao introduzir a variedade BRS Pampa nas áreas menos férteis da propriedade, houve uma redução de 15% no período de irrigação. “A variedade BRS Pampa, em relação à variedade de ciclo médio, Irga 424 RI, semeada em grande proporção no estado, teve essa taxa de economia. Quanto menor o ciclo de desenvolvimento da planta, menos água ela precisa. Então, como ela antecipa 15 dias antes o arroz, ela também usa 15% menos de irrigação na lavoura”, diz Matzenbacher. Ou seja, na região subtropical, estima-se que seja usado na lavoura de arroz irrigado um volume de água em torno de 12 mil m³/ha a 15 mil m³/ha. Se houver essa redução, será possível diminuir dois mil metros cúbicos de água por hectare.

Menos defensivos – Matzenbacher confirma que uma única aplicação de fungicida na lavoura de arroz é o suficiente para um bom controle de doenças fúngicas ao se utilizar a cultivar. “Apenas com uma aplicação e a realização de um vôo sob a lavoura é possível economizar cerca de 130 reais por hectare”, informa o agronômo. Isso gera economia de 13 mil reais em cem hectares, o que equivaleria, por exemplo, à possibilidade de compra de cinco máquinas beneficiadoras de arroz. O pesquisador Magalhães Júnior reforça: “A BRS Pampa CL tem resistência genética às principais enfermidades do arroz, como a brusone. Existem cultivares que necessitam de três ou quatro aplicações durante a safra”.

Mais grãos inteiros – Segundo Matzenbacher, a BRS Pampa tem apresentado bons resultados nos últimos anos em suas lavouras de arroz na região da planície costeira externa do Rio Grande do Sul, alcançando cerca de 64% de grãos inteiros. Mas a quebra varia conforme a região, o manejo, o clima durante o enchimento dos grãos. “Quanto menor a quebra, mais bem remunerado é o produtor rural e mais rendimento de engenho trará dentro da indústria. Assim, quanto maior o rendimento de engenho, mais valor agregado é gerado em toda a cadeia orizícola”, explica. Conforme explica o agrônomo, isso se deve a fatores genéticos da cultivar, que possui uma qualidade diferenciada com baixo centro branco. Mesmo em outras regiões do estado, onde as condições não são tão favoráveis, a BRS Pampa CL tem demosntrado genética superior quando comparada a cultivares que estão no mercado. Por isso, os cientistas acreditam que o novo cereal deverá ter excelente valorização, sendo classificado como arroz premium. A BRS Pampa CL tem amilose alta e baixa temperatura de gelatinização, o que significa que em qualidade culinária os grãos serão macios e soltos no cozimento.

Redução da adubação nitrogenada

A experiência da propriedade no município de Mostardas mostrou também que a cultivar utiliza menos adubação nitrogenada. A cultivar é mais eficiente na absorção de nutrientes, podendo-se reduzir entre 15% a 30% o uso de nitrogênio, dando maior sustentabilidade econômica e ambiental ao cultivo. A redução de nitrogênio também diminui a possibilidade de acamamento da lavoura. “O aumento de nitrogênio em cobertura favorece ao acamamento. Por isso, se utiliza menos adubação. Não podemos usar todo o nitrogênio que gostaríamos. É uma desvantagem no manejo, mas acaba trazendo benefícios, como economia no seu uso”, destaca Felipe Matzenbacher.

Fonte: Embrapa

https://agrosoft.org.br/2019/02/20/produtores-de-arroz-ganham-cultivar-que-usa-15-menos-agua-na-lavoura/

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