Fonte: Embrapa
Com o objetivo de levar aos ovinocultores do Mato Grosso do Sul os resultados de pesquisas realizadas nos últimos dez anos em relação à linhagem genética do Ovino Pantaneiro, foi realizado, nos dias 25 e 26 de abril, o “Simpósio do Ovino Pantaneiro – uma raça localmente adaptada sul-mato-grossense” na cidade de Campo Grande (MS).
O evento foi dividido em duas partes: a primeira ocorreu na Unidade Agrárias da Universidade Anhanguera-Uniderp, no dia 25, com palestras, exposição e comercialização de produtos.
Temas como ovelha pantaneira, raças autóctones, carne ovina e criação de ovinos adaptados foram apresentados por pesquisadores da UFGD, Uniderp, Universidade de Lisboa, Centro de Investigação e Tecnologia Agroalimentar (Espanha) e Embrapa.
Já na segunda etapa, realizada no dia 26 de abril, os participantes conheceram o Núcleo Regional Centro-Oeste para Caprinos e Ovinos da Embrapa, localizado na Fazenda Modelo em Terenos (MS), durante um dia de campo.
Núcleo de conservação do Pantanal
Durante o evento, a pesquisadora da Embrapa Pantanal, Sandra Santos, apresentou a palestra “Criação de Ovinos Adaptados no Pantanal Sul-Mato-Grossense – O habitat de desafios”, em que detalhou algumas das atividades desenvolvidas no núcleo de conservação do Campo Experimental Fazenda Nhumirim, localizado no Pantanal da Nhecolândia, em Corumbá-MS.
“A Ovelha Pantaneira possui várias características importantes, entre elas a de adaptação ao calor, rusticidade em relação às outras raças e capacidade de se reproduzir durante o ano todo, além de apresentar grande tolerância ao calor. Um dos potenciais de mercado é a sua utilização na região do Planalto para fazer cruzamentos com outras raças para a produção dos cordeiros”, explica Sandra. A pesquisadora destaca que a caracterização, conservação e utilização de raças naturalizadas locais são de fundamental importância para evitar a sua extinção.
Para Sandra, a participação neste simpósio foi uma gratificante oportunidade para conhecer de perto os trabalhos desenvolvidos pelas equipes tanto da Embrapa Gado de Corte quanto das universidades, que vêm desenvolvendo diversas pesquisas com a raça e incentivado os alunos a tratarem deste tema em suas atividades acadêmicas. “Me chamou a atenção que os pesquisadores vêm buscando agregar valor aos produtos, explorando o potencial não apenas da carne como também da aptidão leiteira da ovelha pantaneira. Outra grata surpresa foi poder conhecer os diversos alimentos que vêm sendo desenvolvidos a partir destes animais, tais como queijos, salames, carnes maturadas, entre outros que foram disponibilizados para degustação”.
A pesquisadora relata que resultados como os que foram apresentados durante o simpósio fortalecem a cadeia produtiva e a motivam a seguir desenvolvendo as pesquisas com esta raça. “O trabalho em rede que vem sendo realizado é de fundamental importância para o sucesso e manutenção das pesquisas e vem auxiliar o fomento da produção de material técnico-científico, bem como de resultados práticos para ovinocultor”, concluiu Santos.
Núcleo Regional para Caprinos e Ovinos
O Núcleo Regional Centro-Oeste para Caprinos e Ovinos está sob coordenação dos pesquisadores Fernando Reis e Alexandre Agiova da Costa, da Embrapa Caprinos e Ovinos (Sobral-CE), desde 2006. Com 120 matrizes e seis reprodutores, os especialistas geram, atualmente, informações para a produção de cordeiros a pasto no bioma Cerrado, investigando – entre diversos temas – a perspectiva de quebra na sazonalidade produtiva, proporcionando animais para abate ao longo do ano, com dados sobre as características de carcaça e qualidade da carne.
Entre os experimentos conduzidos nestes contextos estão a inserção da ovinocultura em sistemas integrados de produção e um sistema de reprodução com três estações de monta em 12 meses. Além disso, ensaios em sanidade animal, liderados pelo pesquisador João Batista Catto, voltados para a resistência genética à verminose já foram conduzidos.
Reis destaca que a finalidade do grupo em trabalhar com a ovelha pantaneira é definir e estabelecer, experimentalmente, suas características mais relevantes – sanidade e reprodução, diferenciais que influenciaram no registro genealógico da raça.
Produtor no Pantanal, Eduardo Mongelli de Araújo tem propriedades rurais de ovinocultura há 20 anos e acredita que o registro da raça profissionaliza a atividade. Sua expectativa é usar os resultados em genética em seus animais e, assim, obter uma carne de qualidade, apta a ser utilizada como atrativo turístico na região.
O evento foi realização da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Uniderp, Fundação Manoel de Barros e a Embrapa e contou com o apoio do Governo do Estado de MS – Semagro, Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos (ARCO), Associação Sul-mato-grossense de Criadores de Ovinos (Asmaco), Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV/MS) e Marcarne.
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