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quinta-feira, 16 de maio de 2019

AGRICULTORES DE CHAPECÓ CONHECEM SAFS BIODIVERSOS NA EMBRAPA MEIO AMBIENTE - Textos, Embrapa

Fonte: Embrapa

Cerca de 43 agricultores familiares da Cooperativa Central de Credito Rural com Interação Solidária (Cresol Central SC/RS), e estudantes e técnicos extensionistas da região de Santa Catarina estiveram na Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP), em 9 de maio, para conhecer as pesquisas desenvolvidas com sistemas agroflorestais (SAFs) biodiversos e suas múltiplas funcionalidades.

No período da manhã foi realizado um dia de campo no Sítio Agroecológico da Embrapa Meio Ambiente, utilizando-se dois circuitos, em dois grupos.

No Circuito 1 os agricultores visitaram, inicialmente, o Meliponário e o SAF Abelhas e, em seguida, o SAF Medicinal e estratégias de recuperação em APP.





No Circuito 2 eles percorreram o SAF Frutas e acompanharam demonstrações de estratégias de manejo de biomassa e do sistema de irrigação com captação de água de chuva. Os dois grupos se revezaram, de forma que todos puderam ter uma visão geral das tecnologias agroflorestais implantadas e dos avanços da pesquisa em SAFs.

Na parcela denominada SAF Frutas, os participantes visualizaram diferentes desenhos e arranjos agroflorestais voltados à produção de frutas, madeira e culturas anuais, adequados à realidade da agricultura familiar. Segundo o pesquisador Luiz Octávio Ramos Filho, essas parcelas, implantadas há 15 meses, foram desenhadas com base em diferentes experiências agroflorestais pesquisadas ou acompanhadas pela equipe de agroecologia. “Nestas parcelas simulamos e adaptamos alguns desenhos já praticados pelos agricultores familiares, visando desenvolver estudos mais aprofundados para otimizar esses SAFs quanto ao manejo da biomassa, uso eficiente da água, biodiversidade da entomofauna e insetos polinizadores, assim buscamos identificar e desenvolver melhorias para viabilizar ambiental e socioeconomicamente estes sistemas”.

Tecnologias para o uso mais eficiente da água de irrigação em SAFs, foram apresentadas pelo analista Waldemore Moriconi. Conforme o analista, foi enfatizado que o componente arbóreo dos SAFs, associado ao manejo da biomassa na cobertura do solo, contribui para reduzir as variações dos elementos microclimáticos. A redução da radiação solar no solo influi significativamente na taxa de evaporação de água, proporcionando a manutenção e um maior teor de umidade no solo. A irrigação, além de ser um seguro contra períodos de secas, possibilita melhorar as condições para que as plantas se estabeleçam. Contudo, em quantidades insuficientes ou excessivas pode prejudicar o desenvolvimento das plantas e, consequentemente a produtividade dos SAFs. A irrigação pode representar um importante custo de produção e ser, em muitas situações um recurso escasso, por isso faz-se necessário desenvolver melhorias incrementais nas técnicas de irrigação. Também foram apresentados os equipamentos que estão sendo usados para o monitoramento da água do solo, tensiômetros e sensores eletrônicos de umidade e temperatura, sendo explicitado que o trabalho de pesquisa visa estabelecer parâmetros para o controle do uso da água por irrigação e a verificação da conservação da água no solo, dentro e fora do SAF.

No SAF Abelhas e no Meliponário, os pesquisadores Kátia Braga e Ricardo Camargo falaram sobre a criação racional de abelhas sem ferrão, conhecida como meliponicultura, e sua integração com os SAFs, como fonte alternativa de renda, pela produção de mel e de outros produtos. Como a criação de abelhas depende diretamente da vegetação, principal fonte de recursos para elas, a Meliponicultura pode e deve ser integrada às atividades de restauração ambiental e em sistemas agroecológicos de produção, como os SAFs biodiversos visando, nestes últimos, também incrementar a produtividade dos cultivos pela melhoria no processo de polinização.

Os agricultores e técnicos também tiveram a oportunidade de conhecer um SAF medicinal que, implantado em 2009, hoje apresenta árvores bem desenvolvidas com importante função na proteção do solo e na conservação da biodiversidade. Eles conheceram algumas das 32 espécies de árvores medicinais existentes no SAF, seus principais usos e as partes da planta utilizadas. Segundo o pesquisador Joel Queiroga, esse SAF medicinal  servirá de inspiração para sua implantação em áreas que se desejarem restaurar.

Em seguida, os participantes também conheceram um experimento que compara diferentes técnicas e manejos para a recuperação de APPs. Segundo Queiroga, esta pesquisa avalia a viabilidade ecológica e econômica de diferentes técnicas e manejos adotados em parcelas com mesmo desenho e espécies, com o objetivo de propor operações eficientes e de menor custo para implantação e estabelecimento da área restaurada.

No período da tarde, participaram da oficina “SAFs como estratégia de restauração ambiental e de serviços ecossistêmicos”, com o objetivo de aprofundar os temas tratados no período da manhã e abordar outros aspectos importantes para a viabilização dos SAFs. Foram realizadas palestras sobre a importância do manejo da matéria orgânica e da biomassa em SAFs (Luiz Octávio); os resultados do projeto de sistematização de experiências em SAFs no estado de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul (Joel Queiroga); os canais e as estratégias de comercialização dos produtos agroflorestais (Marcos Neves); o papel da agrofloresta na conservação da diversidade e abundância de abelhas nativas (Katia Braga) e a importância das redes sociotécnicas para viabilização dos SAFs (Francisco Corrales).

Na parte final, Francisco Miguel Corrales, do SITP, coordenou a avaliação dos trabalhos com o auxílio do método Zopp de comunicação visual, para que os visitantes pudessem refletir quanto a aplicabilidade da experiência vivida nesse dia em relação aos seus cotidianos. Nesse momento duas perguntas foram apresentadas: “O que é necessário para os SAFs, na sua realidade, sejam viáveis em termos de produção e de comercialização?” e “A partir de seu interesse em SAFs, o que você destaca da visita de hoje? O que encontrou e o que faltou?”. As respostas apresentadas foram registradas em fichas, expostas num painel, seguidas de compartilhamento dos pontos de vista e de propostas.  

O produtor Josué Gregio Sanandura trabalha com SAFs desde 2016. “Meu interesse foi no SAF Medicinal, novidade para mim, com muitas informações que posso aproveitar, com adaptação para o nosso clima. Tenho mais de 50 tipos de frutas e hortaliças, de ciclo curto até o ciclo longo e por isso, gostaria também de me aprofundar mais em pesquisas nas abelhas sem ferrão”.

O que despertou o interesse do estudante da 7ª fase de agronomia com ênfase em agroecologia Mauricio Kelmann foi a experiência com a umidade do solo, bem interessante para mostrar a eficiência do sistema e a diversidade, conciliando a flora e as abelhas.

Já para Vilceo Sehnem, técnico ligado a Cresol, o mais importante foi a apresentação do que a equipe da Embrapa tem em pesquisas sobre diferentes composições de SAFs, além da acessibilidade dos pesquisadores. “Conseguimos dialogar com facilidade, com proximidade e a visita valeu muito a pena pois podemos visualizar sistemas que podem ser implantados na Região Sul. Esses trabalhos podem ser usados como referência,já que existe a expectativa de se fazer transferência de tecnologias, interagir e aproveitar esse conhecimento que a Embrapa acumulou”.



Clique aqui para ver esta matéria na íntegra em Embrapa.

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