Fonte: Embrapa
Começou nesta terça-feira (14) a 12ª da AgroBrasília – a Feira Internacional dos Cerrados. Na solenidade de abertura, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, assinou dois decretos. “O decreto traz dignidade aos nossos produtores rurais do DF, consolidando todos os benefícios que os produtores dos estados vizinhos têm”. Ibaneis conta que, por causa das diferenças tributárias, alguns produtores se mudavam em busca de menos tributos. E completa: “Agora, os agricultores do DF terão a mesma condição fiscal que estados vizinhos, não tendo que ‘fugir’ para outras regiões”.
O governador se refere ao decreto que zera a carga tributária em cinco operações agrícolas da capital.
A determinação significa uma renúncia na arrecadação do ICMS (Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação) estimada em R$ 20 milhões em 2019, mas que deve gerar um aquecimento econômico na ordem de 100 milhões, conforme estimativa do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa). Ibaneis agradeceu à Embrapa por manter sua sede no Distrito Federal e ajudar o governo local a cuidar de seus produtores.
O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento em exercício Marcos Montes, também presente na abertura, destacou que a importância da feira é o fato de ela reunir o que há de melhor no nosso setor – agricultura familiar, tecnologia, empresariado e cooperativismo. “Com essa mistura, encontramos aqui um ambiente altamente favorável para mostrar ao Brasil que só nesse caminho é que pode dar certo”, afirma. Ele ressalta que a Embrapa dispõe de mais de 800 tecnologias para a região e, junto com a Emater, dá o aporte necessário aos produtores para mostrarem ao mundo seu potencial.
Montes antecipou que a ministra Tereza Cristina está trabalhando junto com a equipe econômica do governo para lançar em junho o Plano Safra 2019/2020 para melhorar as condições dos produtores rurais brasileiros. Ele diz que, apesar das dificuldades econômicas pelas quais passa o País, o setor agropecuário é uma das prioridades do governo, já que é o responsável pelo equilíbrio da balança comercial brasileira. após a solenidade, o ministro visitou o estande da Embrapa.
O chefe-geral da Embrapa Cerrados Cláudio Karia participou da solenidade representando o presidente da Embrapa. Também estiveram presentes o secretário de Agricultura do Distrito Federal, Dilson Resende; o presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal, Rafael Prudente; a da Emater, Denise Fonseca; o da Federação de Agricultura e Pecuária, Joe Vale, além do presidente do Comitê Gestor da Feira, Ronaldo Triacca, e representantes do Banco do Brasil, Bradesco e BRB.
A AgroBrasília é a maior feira de agropecuária do Centro-Oeste e uma das cinco maiores do País, compondo o calendário das grandes feiras do agronegócio brasileiro. O evento acontece até o dia 18 de maio e a expectativa dos organizadores é que passem pelo local 120 mil pessoas e ocorra uma movimentação de R$ 1,5 bilhão em negócios.
Início da programação técnica da Embrapa
Nesta terça-feira foi realizado o curso Saúde do solo e sustentabilidade agrícola, com a pesquisadora Ieda Mendes. Participaram representantes de empresas do setor produtivo relacionadas aos estudos de solo.
A pesquisadora da Embrapa Cerrados abordou a importância da saúde do solo para o alcance de grandes produtividades nas lavouras e o aporte de nutrientes que os sistemas integrados podem fornecer. “Em experimentos de Integração Lavoura-Pecuária-Florestas nos três campos experimentais que temos – Distrito Federal, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul – todos indicaram que a integração traz melhores resultados quando comparados a tecnologias usadas de forma isolada, como o plantio direto, por exemplo. Isso porque o sistema de manejo está relacionado diretamente à atividade do solo”, explica Ieda.
Um solo biologicamente saudável aumenta a persistência da atividade agrícola, a resiliência do solo, sua capacidade de se desintoxicar, entre outros benefícios. “Mas como medir a qualidade biológica do solo?”, questiona a pesquisadora aos participantes do curso.
As pessoas envolvidas no setor sabem que as análises química e física do solo não são capazes de detectar a vida que existe nesse recurso. E por isso, a equipe da Embrapa Cerrados tem trabalhado há 20 anos no desenvolvimento da bioanálise do solo, metodologia que deverá ser lançada no segundo semestre deste ano. “Esse é o sonho de todo microbiologias de solo que está se realizando agora”, comemora a Ieda.
Essa nova análise considera como parâmetro duas enzimas que estão relacionadas ao potencial produtivo e à sustentabilidade do uso do solo. A bioanálise poderá ser incorporada em breve à rotina dos laboratórios, já que não altera os procedimentos de coleta das amostras de solo para análise feita pelos produtores e também mantém as rotinas dos laboratórios, para facilitar o trabalho de todos os envolvidos. Além disso, ela terá um custo baixo para o produtor.
A pesquisadora apresentou os primeiros resultados que comparam a análise biológica do solo com as produtividades de 59 fazendas produtivas da região, que foram acompanhadas durante três anos. E todos os dados comprovaram que a boa produtividade está de fato relacionada à boa saúde dos solos dessas propriedades e as análises que apontaram deficiência em vários parâmetros justificaram a baixa produtividade alcançada em algumas delas.
Ieda alerta ainda que essa análise não substituirá as já existentes, que avaliam a química e a física do solo. Seu objetivo é agregar mais informações para auxiliar o produtor na tomada de decisões, e com um valor agregado: as enzimas são indicadores mais sensíveis para detectar mudanças no solo, em função do sistema de manejo. “A análise biológica do solo será uma grande aliada da sustentabilidade da agricultura tropical”, finaliza a pesquisadora.
A vitrine de tecnologias da Embrapa
Neste ano, foi organizada uma área com demonstração com cerca de 40 tecnologias das Unidades da Embrapa do Distrito Federal – Agroenergia, Cerrados, Hortaliças e Recursos Genéticos e Biotecnologia. Nesse espaço, os visitantes poderão ver de perto diversas cultivares de forrageiras; hortaliças, como berinjela, tomate, batata-doce, cenoura, pimenta e grão-de-bico; e grãos – trigo e soja.
Quem passar pela AgroBrasília também pode conhecer algumas frutas, entre elas, pitanga, abacate, jabuticaba, banana, goiaba, lima, acerola tangerina, que integram o Sistema-Filho. Também poderá visitar uma amostra de sistema agrossivilpastoril orgânico e do sistema Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). Para os interessados nessa tecnologia, haverá um Dia de Campo sobre o ILPF no dia 17 (sexta-feira) às 10h.
E os maracujazeiros desenvolvidos pela Embrapa Cerrados à mostra na Vitrine de Tecnologia são opção interessante inclusive para o público urbano. As cinco cultivares de maracujá ornamental, de cores vermelha, rosa e azul, serão lançadas no dia 16, quinta-feira, às 10h, no estando da Embrapa.
Hoje, 15 de maio, foi lançada a cultivar de soja BRS 7581RR, de ciclo curto, resistente ao herbicida glifosato e às raças 1, 3, 5 e 14 do nematoide do cisto da soja – NCS (Heterodera glycines), que se destaca por sua alta estabilidade de produção na região do Cerrado.
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