Fonte: Embrapa
Desde o final de 2018, na horta da Penitenciária Agrícola José Maria Alkmin, localizada em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a colheita inclui hortaliças com a marca Embrapa, representada pelas cultivares de tomate BRS Nagai e BRS Zamir e de alface BRS Mediterrânea e BRS Leila. Desenvolvidas pela Embrapa Hortaliças (Brasília-DF), as sementes dessas cultivares foram doadas pela empresa Agrocinco, parceira da Unidade em Pesquisa e Desenvolvimento, conforme prevê a Lei de Inovação Tecnológica.
Para Andreia Faria, que atua na Diretoria de Trabalho e Produção do Sistema Prisional de Minas Gerais, a doação das sementes vem proporcionando benefícios diretos e indiretos.
“Uma boa parcela da produção da nossa horta que, além dos tomates e das alfaces, conta ainda com o cultivo de couve e cheiro-verde, é entregue ao Hospital da Baleia, referência no tratamento de câncer no estado”, destaca a diretora, responsável por contatar empresas com vistas à doação de sementes para a horta do presídio.
Ainda como benefício direto, ela aponta outro setor que também vem sendo favorecido pela produção colhida na horta do presídio. “Nós firmamos uma parceria com o Banco de Alimentos de Ribeirão das Neves, que atende famílias em situação de vulnerabilidade social, e doamos uma porção do que é produzido”, assinala Andreia, para quem a questão da ressocialização dos detentos também faz parte da lista referente à contabilidade dos benefícios gerados.
Em linhas gerais, Andreia avalia que em meio aos trabalhos desenvolvidos no âmbito do presídio, a horta representa um reforço que deve ser considerado, tendo em vista o fator motivacional, por envolver uma causa social e pelo futuro que pode ser vislumbrado, relacionado às suas próprias vidas, como o aspecto da remissão das penas – cada três dias de trabalho representa um dia a menos como apenados.
“Além da redução da pena, o trabalho leva à especialização, o que pode representar uma alternativa de renda quando saírem. São 18 pessoas cultivando hortaliças, escolhidas por um processo de seleção que levou em conta a experiência agrícola anterior ao presídio, embora essa não tenha sido a condição ‘sine qua non’, porque contamos com a ajuda de técnicos da Emater-MG em nossos canteiros”, sublinha. “Todo o cultivo segue os critérios de produção agroecológica, sem insumos químicos e com adubação orgânica”, acrescenta.
Para Luís Galhardo, diretor comercial da Agrocinco, a doação de sementes ao presídio faz parte de uma política social, onde todos ganham. “Quando uma empresa faz parceria com o Estado, a exemplo da nossa relação com a Embrapa, que tem gerado tantas novas cultivares com a qualidade que os materiais desenvolvidos apresentam, nada mais justo que atender a esse gênero de demanda que tem um enorme alcance social”, avalia Galhardo, que além da doação de sementes também ministrou curso e treinamento sobre produção de hortaliças no presídio.
Seguindo a mesma linha de raciocínio do diretor, o pesquisador e chefe-geral da Embrapa Hortaliças Warley Nascimento confessou sua surpresa pela abrangência da ação conjunta entre a Agrocinco e o sistema prisional, assim como o papel das tecnologias nesse contexto. “É muito gratificante saber que as nossas cultivares vêm tendo um papel importante em todo esse processo que beneficia segmentos da população”.
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