Fonte: Embrapa
O agricultor brasileiro vai ter, no segundo semestre, a opção de um sistema de produção baseado em feijão transgênico resistente ao vírus do mosaico-dourado (Feijão RMD), a principal praga da lavoura brasileira. O lançamento ocorre durante a solenidade de aniversário de 46 anos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), quarta-feira, 24, na sede da Empresa, em Brasília-DF.
A Embrapa é a primeira instituição no mundo a obter um evento transgênico de feijão comum com resistência a doenças.
A tecnologia e inovação RMD estará disponível para cultivares de feijão carioca plantado e consumido no Brasil. O produtor de feijão pode perder entre 40 e 100 de sua produção por causa do mosaico-dourado. Trata-se de uma doença cujo vetor é a mosca-branca que “suga” a folha em busca de alimento. As folhas ficam amareladas e não se desenvolvem.
É comum encontrar campos de feijão abandonados por causa da doença, o que ocorre com maior intensidade em Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, parte do Triângulo Mineiro, parte sul de São Paulo, norte do Paraná e oeste da Bahia. Estimativas indicam que, anualmente, devido aos danos causados pelo vírus, haja uma redução de 90 a 280 mil toneladas na produção de feijão. Além dos danos econômicos, a virose inviabiliza a produção de feijão em sistemas de agricultura familiar em várias regiões.
Mais rendimento, mais lucro, menos aplicações de inseticidas
A adoção da tecnologia RMD e do Manejo Integrado de Pragas na cultura do feijão, em áreas de média e alta incidência do vírus do mosaico-dourado, estima-se, proporcionarão, em comparação com o uso de cultivares convencionais, um aumento de 38 a 78 de lucratividade.
Ao contrário de outras doenças do feijoeiro, nunca foi encontrada uma fonte natural de resistência ao vírus do mosaico-dourado. Para enfrenta-lo, é comum o produtor fazer até 20 aplicações de inseticidas químicos. Existem no Brasil mais de 20 princípios ativos registrados para o controle da mosca branca no feijoeiro.
Apesar disso, poucos têm se mostrado eficientes. A aplicação continuada de químicos leva a um aumento dos custos de produção e induz a seleção de genótipos resistentes à mosca branca.
As cultivares de feijão RMD da Embrapa são do grupo comercial Carioca, que possui cerca de 70 do mercado brasileiro e é pouco exportado. Foram oito gerações sucessivas de testes, sempre com estabilidade do evento transgênico.
“Durante o processo de desenvolvimento do feijão RMD, participaram mais de 80 pesquisadores de centros de pesquisa da Embrapa e universidades brasileiras”, conta o pesquisador Josias Faria, da Embrapa Arroz e Feijão.
Oferta pública
A Embrapa fará uma oferta pública para selecionar parceiros que atendam a requisitos de qualidade, gestão responsável e experiência no mercado de feijão. As empresas integrarão a estratégia de monitoramento comercial, permitindo o acompanhamento da tecnologia no mercado. A Embrapa multiplicará sementes com estes parceiros visando atender ao mercado na safra de final de ano.
Clique aqui para acessar imagens do Feijão RMD
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