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segunda-feira, 13 de maio de 2019

PROJETO REGIONAL “AÇAÍ AÇÃO” INICIA ATIVIDADES NO AMAPÁ - Textos, Embrapa

Fonte: Embrapa

Alunos da Escola Família do Carvão participaram de curso prático sobre manejo de açaizais nativos.

Um total de 35 alunos e egressos da Escola Família Rural Agroextrativista do Carvão, localizada em Mazagão (sul do Amapá) participaram no período de 6 a 10 de maio, do primeiro módulo de capacitações do projeto regional “Açaí Ação”, liderado pela Embrapa e o Centro Francês de Pesquisa Agrícola para o Desenvolvimento Internacional (Cirad). As atividades teóricas e práticas foram realizadas nas dependências da escola e em áreas de várzeas do município de Mazagão, abrangendo todo o processo do manejo dos açaizais nativos de mínimo impacto.

A engenheira agrônoma pesquisadora do Cirad, Nathalie Cialdella, explicou que o projeto “Açaí Ação” é voltado para comunidades agroextrativistas do Platô das Guianas (Guiana Francesa, os estados do Amapá e Pará, e o Suriname).

Trata-se de uma ação de transferência de tecnologias com o objetivo de dinamizar a cadeia produtiva do açaí, valorizar os recursos e o conhecimento das populações locais, desenvolver práticas agroecológicas e consolidar mercados de qualidade, por meio da construção coletiva de conhecimentos. Durante os três anos do projeto, serão temas das atividades o Manejo de Mínimo Impacto de Açaizais Nativos, os Sistemas Agroflorestais (SAFs) e as Boas Práticas de Beneficiamento do Açaí. “Desta forma, este primeiro módulo de manejo de açaizais nativos que está sendo realizado na Escola Família Rural do Carvão, também será levado a escolas famílias rurais da Guiana Francesa e do Pará”, acrescentou Cialdella, doutora em Ciências Agrárias e Desenvolvimento Sustentável.   

Os participantes deste primeiro módulo no Carvão estão matriculados no segundo ano do ensino médio. Entre eles Kédia Vitória da Costa Mendes, 16 anos, residente na Ilha do Pará (Afuá/PA), nas proximidades de Macapá (AP). Ela destacou que os familiares manejam os açaizais, mas não aplicam todas as etapas do processo. “Aprendi a fazer de maneira adequada, pois precisa primeiro fazer a demarcação da área e também temos que ficar atentos para preservar cinco adultos na touceira, quatro jovens e três perfilhos. Adquirir mais conhecimentos é sempre bom, o manejo de mínimo impacto pode me beneficiar diretamente e também as nossas comunidades”, concluiu a jovem. Seu colega de turma, Vânderson Gabriel Souza Coimbra, 16 anos, residente na foz Rio Mazagão, também já conhecia os princípios do manejo de açaizais de várzea, “mas pessoalmente nunca pratiquei”. Ele disse que agora pretende realizar integralmente o manejo de mínimo impacto, “principalmente para ajudar minha família e melhorar nosso açaizal porque precisamos melhorar a qualidade e a quantidade dos frutos e por consequência a renda da nossa família e da comunidade”.

O diretor da Escola Família do Carvão, professor Roberto Carlos Correia de Souza, afirmou que o projeto “Açaí Ação” oportuniza um bom suporte para a grade curricular da turma. “Quase 90 dos alunos são de famílias ribeirinhas e trabalham ou têm contato com o extrativismo do açaí, então esta iniciativa melhora ainda mais as práticas deles, agora com açaí manejado de maneira correta, aprendendo as boas práticas de colheita e pós-colheita e as noções de mercado”.

Monitora do projeto Bem Diverso junto a 40 famílias ribeirinhas do Afuá (PA), a bióloga Rosângela Dias Cortes, 25 anos, também participou desta capacitação. “Nos beneficia principalmente na questão do manejo de mínimo impacto, porque na Ilha do Meio muitas famílias ainda não fazem o manejo de forma adequada e agora com esse aprendizado conseguiremos repassar a técnica às comunidades”. O projeto Bem Diverso visa contribuir com a conservação da biodiversidade brasileira em paisagens de múltiplos usos, atuando nos biomas Cerrado, Caatinga e Amazônia. Outro participante egresso da escola família é o Técnico em Alimentos, Ezequiel Barbosa, 23 anos, da comunidade Jaranduba, do arquipélago do Bailique (Macapá/AP). Ele ressalta que, embora o açaí obtido de açaizais manejados do Bailique tenham conquistado a certificação FSC, ainda há comunidades precisando de acompanhamento quanto às boas práticas do manejo de mínimo impacto. “É sempre importante trabalharmos com as comunidades o equilíbrio do manejo adequado para aumentar a produção e a manutenção da biodiversidade”.

Atuaram como facilitadores nesta capacitação a pesquisadora do Cirad, Nathalie Cialdella; e o analista Jackson Araújo dos Santos e o pesquisador Silas Mochiutti, da Embrapa Amapá. “Através das capacitações nas escolas famílias rurais, buscamos  uma forma de promover o encontro de jovens extrativistas de diferentes regiões do mesmo estado. Por exemplo, no ciclo da comunidade do Carvão temos jovens também de Oiapoque, de Macoacari, do Bailique, do Afuá, da foz do Rio Mazagão, que compartilham seus conhecimentos de realidades diferentes do mesmo estado”, explicou Nathalie Cialdella.

O Platô das Guianas apresenta o duplo desafio do desenvolvimento econômico, necessário à qualidade de vida seus habitantes, e a preservação da biodiversidade. Entre os entraves para o desenvolvimento sustentável deste território, estão a geração de tecnologias de uso imediato nos sistemas de produção, a formação tecnológica de agentes multiplicadores e a integração de processos para gerar tecnologias por meios participativos. Neste cenário, a equipe do projeto considera as Escolas Famílias espaços adequados para dinamizar processos de apropriação de inovação para o desenvolvimento local, devido estas instituições de ensino constituírem “lugares privilegiados para acompanhar a inovação da agricultura familiar e das populações tradicionais”. E neste contexto, o açaí é o produto que se apresenta como alternativa para viabilizar desenvolvimento sustentável local. Sua cadeia produtiva reúne a diversidade de mercados (local e global), articulando agroextrativistas e beneficiadores artesanais (batedeiras) e industriais. Desta forma, o projeto “Açaí Ação” pretende contribuir para transferir tecnologias inovadoras com a perspectiva de consolidar mercados de qualidade no Platô das Guianas.

Clique aqui para ver esta matéria na íntegra em Embrapa.

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