Fonte: Embrapa
Assunto foi destaque em Simpósio de Solos Arenosos em MS
A produção agropecuária intensificada permitiu que as regiões de solos arenosos no País se transformassem social, econômico e ambientalmente, quebrou paradigmas. Os desafios de se produzir em areia, foram superados a partir da adoção de tecnologias, por parte dos produtores rurais, e o avanço das pesquisas na área.
Um exemplo que reúne adoção e pesquisa são os sistemas integrados de produção, capazes de recuperar áreas degradadas, trazendo produtividade a locais improváveis.
A tecnologia não escolhe solo, clima e nem tamanho de propriedade, podendo ser aplicada em qualquer região do Brasil, dada as devidas peculiaridades. Com potencial para atingir 15 milhões de hectares no País, com algum modelo de integração, os sistemas, atualmente, ocupam 11,47 milhões de hectares.
Alguns desses hectares estão em Ipameri (Goiás), na Fazenda Santa Brígida. Em 2006, a propriedade tinha prejuízos de R$ 200 reais/hectare. Hoje o lucro líquido é de R$ 2.700 reais/hectares, gerando R$ 16 milhões/ano. “São sistemas que permitem aumentar a produção, alimentar a população, mitigar os gases de efeito estufa, reduzir desperdícios e atenuar prejuízos”, enumera William Marchió, diretor-executivo da Associação Rede Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (Rede ILPF). A Santa Brígida tornou-se uma vitrine de sustentabilidade ao produzir durante os 12 meses do ano.
A meta da Rede ILPF é chegar a 35 milhões de hectares, até 2030, revela Marchió. Para isso, a Rede conta com os parceiros, entre eles, a Cocamar Cooperativa Agroindustrial (PR), que ao levar a cultura da soja às regiões arenosas promoveu uma transformação no campo ao avançar sob pastos degradados, é o que afirma o presidente da instituição, Luiz Lourenço.
Presidente da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja/MS), Juliano Schmaedecke, também é outro aliado. Ele conta que o Estado de Mato Grosso do Sul nos últimos três anos apresenta índices de produtividade da soja em alta. Nesta safra 2018/2019, o aumento foi de 10 e ele credita, dentre outros fatores, a produção em áreas, antes degradadas, recuperadas com o uso de sistemas integrados. “Ao redor de 30 do negócio de muitos produtores em MS é em solos arenosos. A expansão passa pela busca e adoção de tecnologias como essas”, destaca.
A Rede ILPF é uma parceria público-privada, formada pela Embrapa, Cocamar, Bradesco, Ceptis, John Deere, Premix, Soesp e Syngenta. O seu objetivo, segundo Marchió, é ampliar a adoção desses sistemas integrados por produtores rurais e, assim, intensificar agricultura brasileira, de forma sustentável.
Entretanto, a intensificação passa pela formulação de políticas públicas, o que esbarra em dois desafios – infraestrutura e logística, afirma Rogério Beretta, superintendente de Produção e Agricultura Familiar do Governo do Estado de MS. “São dois pontos que muitas vezes não acompanham a velocidade da iniciativa privada”, frisa. O Estado, em 2010, criou o Fundems (Fundo para o Desenvolvimento das Culturas de Soja e Milho de Mato Grosso do Sul), com o intuito de oferecer suporte tecnológico e infraestrutura ao setor, além de desenvolver pesquisas apoiando fundações estaduais, como Fundação Chapadão e MS.
Beretta, Schmaedecke, Lourenço e Marchió participaram do painel de abertura do III Simpósio Brasileiro de Solos Arenosos, que começou hoje (7), na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), em Campo Grande, e segue até sexta-feira. Os especialistas Érico Paredes (Biosul) e Dito Mário (Reflore MS) também se apresentaram no painel. Os solos arenosos são de texturas mais leves, frágeis e representam menos de 10 dos solos brasileiros. Em Mato Grosso do Sul, por exemplo, entre 15 e 20 , e o equivalente no Bioma Cerrado.
Simpósio – O III Simpósio Brasileiro de Solos Arenosos é realizado pela Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS) e Embrapa, com o tema “Intensificação agropecuária sustentável em solos arenosos”, com programação científica composta por palestras, mesas-redondas e apresentações de trabalhos.
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