Fonte: Embrapa
Pecuaristas associados da raça Brangus de diversas partes do Brasil e os técnicos credenciados da Associação Brasileira de Brangus – ABB estiveram reunidos, de 11 a 13 de abril, em Campo Grande-MS para o Brangus Forte. O evento contou com palestras, julgamento nacional de animais rústicos, leilão, reunião do conselho técnico da raça, assembleia geral da ABB e entrega de prêmios. Um dos destaques das homenagens realizadas está o prêmio recebido pela Embrapa Pecuária Sul por ter sido a 1ª criadora registrada na ABB e pelos trabalhos deste centro de pesquisa em prol da raça.
O prêmio foi entregue ao pesquisador da Unidade Marcos Yokoo, um dos palestrantes no evento.
Atualmente, Yokoo trabalha em projetos de melhoramento genético em busca de linhagens de Brangus mais resistente ao carrapato e mais dócil, entre outros objetivos. O empenho da Embrapa para o fortalecimento da raça, no Brasil, ocorre há mais de 70 anos e graças a este trabalho, executado junto à associação de criadores, foi possível desenvolver animais mais produtivos e adaptados ao clima tropical brasileiro.
O Brangus é uma raça composta de bovinos taurinos (Aberdeen Angus) com zebuínos (Nelore), visando unir rusticidade, resistência a parasitas, tolerância às variações climáticas e habilidade materna (comum aos zebuínos), com vantagens verificadas nos taurinos, como qualidade da carne, precocidade sexual, elevado potencial materno e fertilidade. Um trabalho que começou lá na década de 1940, quando a Embrapa iniciou a formação do rebanho base, contribuindo também com a organização da associação de criadores desses animais, ações fundamentais para dar o suporte necessário para a ampliação do Brangus para outras regiões. Com o passar do tempo, a raça veio ganhando prestígio entre pecuaristas de distintas partes do País e também por um nicho de mercado formado por consumidores mais exigentes, ávidos por uma carne mais marmorizada, macia e suculenta.
Genômica aplicada no Brangus
Na palestra proferida no evento, o pesquisador Marcos Yokoo abordou o tema Incorporação da informação genômica no melhoramento de bovinos da raça Brangus no Brasil. Yokoo apresentou os projetos que a Embrapa atualmente coordena na área de melhoramento genético com rebanhos Brangus. Além disso, abordou algumas pesquisas específicas com genômica e resultados de sucesso com o Brangus e com outras raças, servindo de exemplo do que pode ser aplicado em parceria com criadores de Brangus, no setor produtivo.
Foram apresentados os mecanismos para o produtor utilizar os marcadores moleculares do tipo SNP (Polimorfismo de nucleotídeo único), que é uma ferramenta em que o pecuarista tem a chance de poder selecionar os animais utilizando DEPs (diferença esperada na progênie) aprimoradas pela genômica. Ou seja, é possível inferir sobre o DNA do animal com maior propriedade e, portanto, uma menor chance de errar na escolha do material genético de reprodutores que irão disseminar esta genética mais produtiva.
O pesquisador explicou, de forma prática, como os marcadores funcionavam antes e discutiu os casos de sucesso e principalmente as experiências que não tiveram êxito, ressaltando as principais diferenças da tecnologia antiga para a atual, que trabalha com marcadores do tipo SNP (genômica). Foram relatados os principais casos de sucesso, os benefícios econômicos atuais com o uso da genômica em outras raças bovinas de corte e de leite, e principalmente no Brangus.
Estes estudos são provenientes de dois grandes projetos da Embrapa que iniciaram em 2011 e 2014. Segundo o pesquisador, os resultados preliminares em Brangus no rebanho experimental da Embrapa são promissores. “Os principais ganhos são em características de difícil mensuração e de herdabilidade baixa, sendo que atualmente o projeto da Embrapa com Brangus vem trabalhando com contagem de carrapato, OPG (ovos por grama de fezes), características de carcaça obtidas por ultrassom (AOL- área de olho de lombo, EG-espessura de gordura subcutânea etc), temperamento, taxa de prenhez, perímetro escrotal e peso em diversas idades (peso ao nascer, peso adulto, peso ao desmame, peso ao sobreano etc). No estudo da parte econômica do sistema pecuário com Brangus, os maiores ganhos monetários foram nas características relacionadas à carcaça, como peso e rendimento de carcaça, além da parte do controle do tamanho corporal das vacas (relacionado à eficiência alimentar e a manutenção das matrizes)”, explica Yokoo.
Também foram apresentados resultados de retorno financeiro quando se faz a seleção genômica para a característica contagem de carrapato. O pesquisador explicou, por exemplo, que em um rebanho de ciclo completo, trabalhando com 200 matrizes Brangus, fazendo seleção genômica para carrapato, o produtor tem um lucro líquido no sistema produtivo de U$ 2,08 por vaca acasalada (pesquisa recente apresentada ao Journal of Animal Breeding and Genetics, em 2019). Atualmente os trabalhos são feitos com o rebanho experimental Brangus da Embrapa, em que se busca o desenvolvimento de três linhagens, uma melhorada para ter uma menor quantidade de carrapato, outra com temperamento mais dócil e uma linhagem tradicional, que seleciona para ganho de peso, reprodução e características de carcaça (AOL e EG). De acordo com o pesquisador, o próximo passo é a Associação Brasileira de Brangus – ABB firmar uma parceria com a Embrapa e produtores de Brangus interessados em usufruir desta tecnologia.
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