Fonte: Embrapa
Para fortalecer a bovinocultura em Minas Gerais, atividade que movimentou pelo menos R$ 40,6 bilhões em 2017 no estado, onde reúne cerca de 400 mil criadores, a Embrapa vai participar do Programa de Melhoria das Pastagens de Minas Gerais, da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ). Lançado no dia 28 de abril, durante a 85ª Expozebu, em Uberaba, o programa tem como objetivo estimular a produção sustentável por meio da integração das atividades pecuárias, agrícolas e florestais na mesma área, em cultivo consorciado, sucessão ou rotação para recuperar áreas de pastagens em degradação.
Segundo levantamento realizado pelo Instituto Antonio Ernesto de Salvo (INAES), em parceria com o Ministério da Agricultura, a Emater-MG, a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e a Embrapa, a rentabilidade da bovinocultura mineira poderia ser ainda maior se 75 das áreas cobertas com pastagem no estado não estivessem em grau de moderada à elevada degradação.
Os sistemas de integração estão entre as alternativas que podem ser adotadas para reverter o quadro de degradação de pastagens, um dos principais sinais da baixa sustentabilidade da pecuária nas diferentes regiões brasileiras.
O programa será desenvolvido pela ABCZ em parceria com a Embrapa Cerrados, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e as vinculadas Emater-MG, Epamig e Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), entre outras empresas públicas e privadas.
O chefe-geral da Embrapa Cerrados (DF), Claudio Karia, representou o presidente da Embrapa, Sebastião Barbosa, na reunião, que contou com a presença da secretária de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, Ana Maria Valentini, além de representantes da Emater-MG, da Epamig e do IMA, da Prefeitura Municipal de Uberaba, da Associação dos Municípios do Vale do Rio Grande (Amvale), do MAPA, do Banco do Brasil, do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), do Sindicato dos Produtores Rurais de Uberaba, da Cooperativa dos Empresários Rurais do Triângulo Mineiro (Certrim) e do Grupo Vittia.
A Embrapa mantém uma parceria com a ABCZ para a difusão de tecnologias de recuperação de pastagens, de sistemas de Integração Lavoura-Pecuária e Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, de novas cultivares forrageiras – desenvolvidas por meio de convênio com a Associação para o Fomento à Pesquisa de Melhoramento de Forrageiras (Unipasto) – e de recuperação ambiental.
“A ideia é integrar essas ações ao programa, tendo a região do Triângulo Mineiro como piloto, e expandi-las para outras regiões. Também queremos capacitar técnicos das empresas públicas e privadas de assistência técnica e extensão rural, assim como os técnicos dos agentes financiadores e da ABCZ, além de executar ações de sensibilização junto aos produtores”, afirmou Karia.
O chefe geral ressaltou o caráter estratégico da participação da Embrapa Cerrados no programa de recuperação de pastagens, ação que se junta a outras voltadas ao desenvolvimento territorial, como a parceria com a VLI Logística na Ferrovia Norte-Sul, o Projeto de Gestão Integrada da Paisagem do Bioma Cerrado (Projeto FIP-Paisagem) e o Projeto Noroeste Empreendedor.
Ana Maria Valentini elogiou a iniciativa da associação. “Esta iniciativa mostra, mais uma vez, o protagonismo da ABCZ. A degradação das pastagens em nosso estado, e também no País, é um problema muito sério, que tem que ser enfrentado com urgência e maior objetividade. Neste momento, estão em curso ações da ABCZ com as nossas vinculadas, e isso é extremamente importante para mostrarmos ao governo federal que não se trata apenas de um projeto, mas de um trabalho de parceria continuado que já está em implantação, e, o principal, apresentando resultados positivos”, contextualizou.
“O programa vem para somar. Nossa grande preocupação é fortalecer e desenvolver a pecuária. Produzimos genética, mas temos que produzir também pasto para que este produtor rural consiga melhorar a sua renda e permaneça no campo”, destacou Rivaldo Machado Borges Júnior, diretor da ABCZ.
Para atingir os objetivos de expansão dos sistemas de integração, estão previstas várias ações de transferência de tecnologias na Fazenda Experimental da associação, além de palestras, dias de campo e publicação de material técnico, entre outras ações. O prazo para a realização é de dois anos, estendendo-se até 2021.
Ao final da reunião, as empresas públicas e privadas reafirmaram a parceria para atualizar o plano de trabalho conjunto, por meio do Comitê Técnico que irá conduzir o programa.
Projeto-piloto
Os sistemas de integração são classificados em quatro modalidades principais: Integração Lavoura-Pecuária (ILP); Integração Pecuária-Floresta (IPF); Integração Lavoura-Floresta (ILF) e Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). O aumento do interesse de produtores e técnicos por esses sistemas se deve à eficiência que possuem como ferramentas de otimização sustentável do uso dos solos nas regiões tropicais, já que a integração amplia o aproveitamento dos fatores de produção e a oferta ambiental das áreas agrícolas.
Ao estimular a adoção desses sistemas de produção, manejo e recuperação de pastagens, o projeto-piloto, que está sendo executado na região do Triângulo Mineiro, pretende garantir a sustentabilidade da pecuária bovina de carne e leite, contemplando a adequação ambiental, a valorização do homem e a viabilidade econômica da atividade agropecuária.
Por meio da chamada pública Anater Leite, a Emater-MG conseguiu recursos para, durante 26 meses, oferecer assistência técnica e extensão rural a mil produtores de leite. Já a unidade regional da Epamig em Uberaba foi a responsável pela análise de solo das fazendas beneficiadas. Do total, 50 propriedades estão participando do projeto-piloto de recuperação de pastagens. “Essas propriedades serão transformadas em unidades demonstrativas para que, assim, possamos multiplicar a metodologia em outras regiões do estado e também do País”, explica o presidente da Emater-MG, Gustavo Laterza de Deus.
Benefícios
Com a adoção do sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP), a propriedade pode alcançar taxas de lotação animal de três a quatro animais por hectare, muito acima da taxa de 0,8 animal por hectare normalmente verificada. Entre outros resultados, destacam-se ganhos de peso acima de 1 kg/animal/dia; produtividade animal acima de 800 kg de peso vivo/ha/ano; produção de carne acima de 20 arrobas/ha/ano; maior peso até a desmama de bezerros; maior precocidade sexual de fêmeas; melhorias nos aspectos reprodutivos; e redução dos custos de produção da pecuária pela integração com agricultura.
Outro benefício adicional dos sistemas de integração é o aumento da matéria orgânica do solo, com consequente melhoria dos seus atributos físicos, químicos e biológicos, bem como o aumento do estoque de carbono no solo; redução da pressão de desmatamento de novas áreas pelo efeito “poupa-terra”; estabilidade econômica e elevação da renda com a diversificação das atividades; redução de custos a médio e longo prazos; redução da vulnerabilidade aos riscos climáticos, além da melhoria na qualidade de vida e renda do produtor e da família.
(Com informações da Agência Minas)
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