Fonte: MilkPoint
O sinal verde do Conselho Monetário Nacional (CMN) para que cooperativas de crédito também possam captar poupança rural a partir de 1º de julho é considerada pelo governo federal como uma medida que antecipa o “espírito” do próximo Plano Safra (2019/20), que está sendo negociado entre os ministérios da Economia e da Agricultura e deflagrará mudanças estruturais importantes. O aval foi confirmado pelo CMN na última quinta-feira (25).
A equipe econômica entende que, ao abrir a possibilidade para que cooperativas como Credicitrus e Credicoamo usem cadernetas de poupança de produtores rurais como mais uma fonte para seus financiamentos, haverá mais injeção de crédito para a agricultura e a concorrência entre as instituições financeiras aumentará.
Hoje, essas cooperativas só podem utilizar essas aplicações financeiras para o crédito agrícola em nome de bancos cooperativos.
Banco do Brasil, outros bancos públicos e privados e os bancos cooperativos (Sicoob e Sicredi) já operam com poupança rural. Com o aval do CMN, as cooperativas de crédito entrarão na disputa e,a partir da próxima temporada agrícola, já terão que direcionar 20 do que captarem de poupança para operações de crédito rural. Esse percentual será ampliado progressivamente até alcançar 60 . Segundo estimativas do BC, a ideia é que, num primeiro momento, a medida libere R$ 1,1 bilhão adicionais ao crédito rural.
Uma fonte da equipe econômica explica que a liberação significa mais disputa pelos recursos equalizados pelo Tesouro, mas que as cooperativas também poderão usar esse funding de poupança rural para financiamentos a juros livres. Vale lembrar que a tendência é que o governo federal subsidie cada vez menos operações de crédito, sobretudo para grandes produtores – a disposição de apoiar médios e pequenos permanece. “Era um pedido antigo nosso e será muito importante para movimentar recursos nas cooperativas de crédito que atuam no meio rural, onde a poupança é uma realidade”, disse ao Valor o presidente da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), Márcio Freitas.
Ademiro Vian, consultor financeiro e ex-diretor da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), analisa que a medida mira a desconcentração do sistema financeiro e será fundamental para destravar e aumentar a oferta de crédito rural no país. “A decisão do governo vem ao encontro do aumento da competição no mercado de crédito rural, e esse é só o começo”, afirmou Vian.
As cooperativas de crédito são as instituições que mais vêm crescendo proporcionalmente na liberação de crédito rural no país na atual safra (2018/19), que se encerrará em 30 de junho. Nos primeiros nove meses deste ciclo (julho do ano passado a março últimos), os desembolsos das cooperativas ao campo aumentaram em relação ao mesmo período do ciclo anterior e superaram a marca de R$ 18 bilhões. No caso dos bancos públicos, houve incremento de 2,8 , e no dos privados, de 8,8 .
As informações são do jornal Valor Econômico.
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