Fonte: Embrapa
Cerca de 200 pessoas participaram do dia de campo “Cultura do Café Clonal na Regional do Juruá”, que aconteceu no dia 25 de abril, em Cruzeiro do Sul. O evento foi uma parceria entre a Embrapa Acre, Universidade Federal do Acre (Ufac) e Sebrae-AC, e contou com o apoio do Senar-AC, Prefeitura de Cruzeiro do Sul, Prefeitura de Mâncio Lima e Governo do Estado.
Durante o evento, produtores rurais, técnicos, extensionistas, estudantes, gestores de torrefadoras e pesquisadores conheceram as dez novas cultivares híbridas de café clonal desenvolvidas pela Embrapa Rondônia para a Amazônia.
O material é fruto do cruzamento de plantas de café Canéfora dos grupos Robusta e Conilon e visa a desenvolver a cultura nos diferentes estados da região.
No Acre, as cultivares foram testadas e avaliadas por meio de cinco Unidades Demonstrativas implantadas em Acrelândia, Rio Branco e Cruzeiro do Sul. “Tentamos mostrar para os agricultores que a cafeicultura é um ótimo investimento. O Vale do Juruá já foi um dos principais produtores de café do Acre e queremos estimular a retomada dessa cultura”, conta a analista da Embrapa Acre, Dorila Gonzaga.
Divulgar e estimular a adoção de tecnologias para o cultivo de café, recomendadas pela pesquisa para as condições de clima e solo do Acre. Esse é o objetivo
Cultivares híbridas da Embrapa
Os novos clones híbridos reúnem características superiores dos grupos Conilon e Robusta. Apresentam alta produtividade, acima de 100 sacas por hectare, são resistentes à ferrugem-alaranjada – uma das principais doenças do cafeeiro – e são adaptados às condições climáticas amazônicas. De acordo com a pesquisa, estes clones se destacam por seu porte intermediário, resultado da combinação do alto vigor vegetativo do café Robusta com a estrutura compacta do Conilon, ou seja, as plantas apresentam crescimento vigoroso – maior que do Conilon mas não ficam tão frondosas quanto o Robusta.
O desenvolvimento das cultivares de café clonal visa a atender demandas dos produtores rurais por cafés mais produtivos, crescente nos Estados de Mato Grosso, Amazonas e Acre. As cultivares híbridas da Embrapa vêm sendo testadas em mais de 40 localidades do País, por meio de Unidades Demonstrativas e de Observação em áreas de produtores e de instituições parceiras. São aproximadamente 25 áreas em Rondônia e outras 15 nos Estados do Acre, Mato Grosso, Amazonas, Roraima, Bahia, Espírito Santo e Minas Gerais. O lançamento dos novos materiais acontecerá ainda este ano.
De acordo com o professor de agronomia da Ufac, Leonardo Tavella, responsável pela condução do experimento em Cruzeiro do Sul, os clones demonstraram boa adaptação às condições locais. “Resultados preliminares mostram que para alcançar altos rendimentos na produtividade é necessário plantar na época adequada e adotar as tecnologias indicadas para o cultivo do café no Acre”, explica.
Para o pesquisador da Embrapa Rondônia, Marcelo Curitiba Espíndula, os cerca de 300 pés de mudas clonais plantados no Campus Floresta da Ufac apresentam qualidades positivas de crescimento e porte. “As plantas formaram ótimas copas e alcançaram um tamanho excelente. Isso indica que a produção de grãos será muito boa na próxima colheita”.
Além dos estudos de adaptabilidade, a Embrapa investiu na implantação de dois Jardins Clonais de café, em parceria com produtores do Acre. Esses espaços vão possibilitar o acesso a mudas de qualidade por cafeicultores das principais regiões produtoras do estado. “O uso dessas plantas permite elevar a produção em uma mesma área cultivada, proporcionando maior ganho econômico e estimula a geração de empregos”, afirma a pesquisadora da Embrapa Acre, Aureny Lunz.
Cafeicultura no Acre
Com uma produção de 2.169 toneladas de grãos beneficiados, em 2016, o Acre é o segundo maior produtor de café da região Norte, de acordo o IBGE. Em 2015, o Estado ocupava a terceira posição no ranking nacional em produtividade do café Canéfora e o primeiro lugar na região Norte, com média de 26 sacas de café limpo por hectare.
Dados do Zoneamento Agrícola de Cruzeiro do Sul, realizado pela Embrapa Acre e Secretaria Municipal de Agricultura, Pesca e Abastecimento, indicam que o clima e o solo do município são favoráveis para o cultivo de café. “O estudo comprova o potencial da cafeicultura na região. Esse resultado serviu de base para a adoção de estratégias, pela prefeitura local, incluindo a distribuição de mais de 100 mil mudas de cafés clonais para agricultores familiares”, diz Eufran Ferreira do Amaral, chefe-geral da Embrapa Acre e pesquisador responsável pelos trabalhos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Compartilhe sua opinião sobre esta matéria. Comente esta matéria. Os comentários são verificados pelo Agrosoft antes de serem publicados.