Fonte: Embrapa
O pesquisador Hélio Wilson de Carvalho, da Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE), foi um dos palestrantes do Seminário Estadual sobre Citricultura de Sergipe, realizado pela Secretaria de Estado da Agricultura na terça (21) em Umbaúba, no Sul Sergipano, em parceria com a Prefeitura Municipal.
Hélio Wilson, um dos mais atuantes melhoristas de culturas agrícolas para as regiões dos Tabuleiros Costeiros e Agreste nordestinos, apresentou o programa de melhoramento genético de citros da Embrapa para essas áreas.
O evento teve a presença de citricultores e prefeitos de vários municípios do Sul Sergipano, representantes do Ministério da Agricultura, instituições de ensino e pesquisa, além de instituições bancárias, para apresentar linhas de financiamento para os produtores e trabalhadores rurais.
Para o secretário de Agricultura, André Bomfim, o evento serviu como um importante espaço para discutir questões técnicas, tanto sobre comercialização, quanto à produção de mudas, combate a doenças e pragas que afetam a citricultura, como a mosca negra.
A posição dos secretários de agricultura da região é unânime no sentido de que que a produção de laranja precisa ser revitalizada, com destaque para a renovação dos pomares, aliada à busca por alternativas de implementação de outros cultivos.
Tecnologia
No campo experimental da Embrapa Tabuleiros Costeiros em Umbaúba, o pesquisador realiza diversos experimentos com foco na avaliação e validação de variedades de copas e porta-enxertos que já começam a ser adotadas por produtores do Sul Sergipano e Nordeste Baiano como alternativas às opções tradicionais de limão, laranja, tangerina e outros.
Os citros cultivados comercialmente em geral passam por um processo chamado de enxertia, que consiste em incrustar uma pequena brotação de uma cultivar de citros de interesse, denominada cultivar copa, em uma muda de citros com maior vigor (menos susceptível a doenças) na base, chamada de porta-enxerto.
Em ensaios no campo, dentre as copas pesquisadas destacaram-se as laranjeiras doces, a limeira ácida Tahiti, tangerineiras, tangeleiro Piemonte, entre outras cultivares.
Já para os porta-enxertos, os estudos destacaram a tangerineira Sunki Tropical e os citrandarins Índio, Riversidade e Sandiego. Para chegar a esses resultados, o pesquisador introduziu na área experimental combinações de mais de 220 copas e porta-enxertos de citros.
Os pomares sergipanos, com poucas exceções, baseiam-se no uso da combinação laranjeira pera e limoeiro cravo situação comum na região dos Tabuleiros Costeiros baianos e sergipanos, verificando-se em Sergipe também o emprego do limoeiro rugoso, muito utilizado no passado, mas aos poucos substituído pelo limoeiro cravo.
“Embora essas combinações tenham alcançado resultados significativos em termos produtivos, a concentração dos pomares sergipanos quase que exclusivamente em uma única variedade de laranja, demonstra uma vulnerabilidade considerável em termos sustentáveis”, ressaltou Carvalho.
As pesquisas apontam que um bom porta-enxerto deve reunir as características como produção de sementes com alta taxa de poliembrionia, elevado número de sementes por fruto, capacidade de adaptação às condições de clima e solo, resistência ou tolerância a vírus e a outros organismos destrutivos (a exemplo da tristeza-dos-citros), indução de produção precoce de frutos às copas, redução do porte da combinação copa-porta-enxerto, compatibilidade com copas de alta produtividade, tolerância à seca, ao alumínio, à salinidade, ao frio (geadas), indução de produção de frutos de boa qualidade, determinação de longevidade à combinação copa-porta-enxerto, alta eficiência no aproveitamento de fertilizantes e indução de alta eficiência produtiva.
Cenário
O principal objetivo do seminário foi discutir e encaminhar propostas de políticas públicas e mobilização dos produtores para revitalizar a citricultura sergipana, que na última década tem apresentado uma queda constante de área plantada, produção e produtividade. Sergipe, outrora um grande titã da citricultura, vem perdendo posições no ranking nacional.
Dados de produção do IBGE de 2017, compilados pela Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas, BA) mostram o estado na quinta posição, atrás de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Bahia. A produção sergipana caiu de 821 toneladas em 2012 para 421t em 2017, com redução de área colhida de 5,2 mil hectares para 38 mil ha nesses mesmos anos. A produtividade no mesmo período declinou de 14,5 toneladas por hectares para 11 t/ha.
Estudos da Embrapa em parceria com a Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro) apontam que a produção de citros no estado passa por períodos de dificuldades, atribuídos majoritariamente à saturação de mercado e pressão de preços, períodos de seca, produtividade e longevidade dos pomares, que acabam por descapitalizar principalmente os pequenos produtores, que perdem poder de investimento em tecnologia de produção.
Os investimentos em tecnologias para condução dos plantios e manejo cultural são insuficientes ou inexistentes na maioria das propriedades pesquisadas, afetando a produtividade e a longevidade dos pomares. Os estabelecimentos rurais apresentam diferenças significativas em relação a benefícios e financiamentos públicos, contratação de empregados, ocorrência de pragas, doenças e inspeção do pomar, variedades de copas e porta-enxertos, compra de mudas e boas práticas culturais.
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