Fonte: Kennedy Alencar
No final do dia de ontem, o presidente Jair Bolsonaro recuou de uma série de ataques ao Congresso Nacional, ao Supremo Tribunal Federal, à imprensa e corporações que o impediriam de governar o Brasil. Essa estratégia de morde e assopra é uma tentativa de emparedar o Congresso pelo fracasso de ter desperdiçado o período de lua de mel para aprovar projetos no Legislativo.
Demonizar a política é um gesto autoritário. Trata-se de ameaça à democracia. Ontem, Bolsonaro afirmou que “o grande problema do Brasil é a classe política”.
Ora, só na família presidencial há quatros políticos.
Bolsonaro é o que sempre foi: um autoritário despreparado para exercer a Presidência. Recorre a teorias conspiratórias para vender uma mentira à população, a de que seria impedido de governar em benefício do povo.
O presidente simplesmente mente. O Congresso, o STF e a imprensa não são obstáculos a nada. Mas, sim, a fábrica de crises que é a gestão Bolsonaro.
Na última sexta, o presidente compartilhou no WhatsApp um texto que leu e não entendeu. A análise política e econômica de quinta categoria, rasa até para o que se costuma ler dos ideólogos do bolsonarismo, terminava com uma dica para que agentes financeiros vendessem suas posições no mercado. Isso não é atitude de presidente da República.
No sábado, chamou a imprensa de mentirosa por que foi informado que ele sancionaria anistia a partidos políticos. Logo se soube que o mentiroso era outro. Será que ele confundiu sanção com veto, já que parece ter tirado zero em nota de interpretação de texto?
Para piorar as coisas, o presidente divulgou no seu Facebook um vídeo no qual um pastor congolês que vive na França diz que “Deus o escolheu [Bolsonaro] para um novo tempo, para uma nova temporada no Brasil”.
Esse discurso estimula o fundamentalismo político-religioso, numa perigosa atitude divisionista e messiânica. O governo mistura visão autoritária com manipulação política.
É injusto demonizar a classe política, a Nova República e a Constituição de 1988. O Brasil tem tradição autoritária e populista. Existem problemas no sistema político-partidário do país, mas a nação avançou no período democrático.
No futuro, brasileiros sentirão saudade dos 16 anos de FHC e Lula no poder. Ambos fizeram bons governos, mas o Brasil se perdeu em algum ponto do tempo e espaço ali por volta de 2013 e, desde então, não consegue sair dessa realidade paralela em que se meteu.
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RIP
Niki Lauda foi um dos maiores pilotos de Fórmula 1. Fez corridas incríveis nos anos 70 e 80. É inspiradora a sua história de desafio, tragédia e superação.
Ouça o comentário feito no “Jornal da CBN – 2ª Edição”:
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